
A cadeia automotiva brasileira vai direcionar R$ 210 milhões nos próximos três anos, para desenvolver tecnologias nacionais de descarbonização e digitalização, informou a CNI nesta quinta-feira (4). Os investimentos fazem parte do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e foram selecionados pela chamada Projetos Estruturantes, operada pelo SENAI e pela Embrapii.
O aporte será aplicado em quatro iniciativas voltadas a motores a etanol, descarbonização siderúrgica, sensores automotivos e soluções com grafeno. Segundo o SENAI, 85,5% dos recursos são não reembolsáveis, enquanto 14,5% correspondem à contrapartida das empresas.
Projetos avançam em motores, aço de baixa emissão, sensores nacionais e grafeno
Os projetos reúnem montadoras, siderúrgicas, startups, universidades e institutos de pesquisa. Pela regra da chamada, cada proposta precisa envolver ao menos cinco empresas e unidades do SENAI ou Embrapii, com execução prevista de até 36 meses.
O projeto de motores a etanol tem orçamento de R$ 48,8 milhões e prevê o desenvolvimento de motores de alta eficiência para veículos leves. As etapas incluem simulações, ajustes de combustão e criação de um bloco de motor mais resistente. Volkswagen, Stellantis, General Motors, Hyundai e outros grupos participam.
Outra frente, avaliada em R$ 76,8 milhões, busca reduzir emissões na produção de aço utilizado pela indústria automotiva. A proposta inclui testes com hidrogênio como redutor e a criação de infraestrutura inédita no hemisfério sul para tecnologias de baixo carbono. Usiminas, CSN, Mercedes-Benz, Nissan e Stellantis integram a iniciativa.
Um terceiro projeto vai desenvolver um sistema ADAS com radar automotivo nacional, com investimento de R$ 41,9 milhões. A iniciativa prevê uma planta piloto, arquitetura aberta e integração com câmeras para funções como frenagem automática. Entre as participantes estão Stellantis, Volkswagen, Valeo e TE Connectivity.
A quarta iniciativa, chamada Hub do Grafeno, contará com R$ 42,2 milhões para desenvolver nanocompósitos aplicados a peças automotivas mais leves. O trabalho envolve rotas de produção, validação de protótipos e integração com a cadeia industrial. Toyota, Ford, General Motors, Hyundai e outras empresas participam.
As chamadas de Projetos Estruturantes foram criadas para acelerar tecnologias estratégicas e ampliar a produção local. Nesta edição, sete propostas foram submetidas, somando R$ 358,9 milhões em pedidos — quase o dobro do valor disponível.