Desde junho de 2024, o primeiro protótipo do mundo movido a bateria de íons de lítio com nióbio percorre as ruas de Araxá, cidade do triângulo mineiro distante 367 km da capital, Belo Horizonte. A nova bateria permite recarga segura e ultrarrápida, de apenas dez minutos – a convencional leva pelo menos uma hora –, e tem vida útil três vezes superior. O ônibus é resultado de uma colaboração de seis anos da CBMM com a Toshiba Corporation e a Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Araxá abriga a maior jazida de nióbio do mundo e 75% das reservas brasileiras. Lá está a sede da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), 70 anos em 2025, propriedade da família Moreira Salles. Ela opera a jazida e é a maior fabricante e fornecedora de nióbio do planeta.
Campeã de Mineração e Siderurgia, a CBMM é também a primeira do setor em Desempenho Financeiro e Visão de Futuro. Nas finanças, o êxito é indiscutível. Em Visão de Futuro, nem se fale. A bateria usada naquele ônibus nas ruas de Araxá tem um elemento produzido na nova fábrica da CBMM em Araxá – o ânodo de nióbio. É ele que permite reduzir o tempo de carregamento e dar mais durabilidade à bateria. O ânodo de nióbio nasceu de uma parceira da CBMM com a startup britânica Echion Technologies, e a tecnologia usada para produzi-lo foi batizada de XNO.
“Inovação é a base da estratégia da CBMM”, diz o presidente da companhia, Ricardo Lima. Não é mero discurso, mas questão de necessidade. A capacidade de fabricação de produtos de nióbio da CBMM é de 150 mil toneladas por ano, bem além da demanda mundial, estimada em 106,8 mil toneladas pela empresa de pesquisas de mercado Mordor Intelligence.
É preciso, portanto, encontrar novas aplicações além do tradicional fornecimento às siderúrgicas, o maior cliente – o nióbio dá mais resistência, leveza e durabilidade ao aço. O foco da empresa, segundo Lima, é acelerar a diversificação do portfólio para além do aço, ampliar a presença em setores de alta tecnologia e reforçar a liderança em soluções para a descarbonização. É ter, até 2030, 30% da receita obtida de fontes além do aço, caso da bateria para o ônibus.
Anualmente, a CBMM investe entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões no seu programa de tecnologia. Já são mais de 200 projetos de cooperação com clientes, universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo. “Desenvolver materiais e processos gera mercado adicional sem abrir mão do núcleo do negócio em aço”, afirma Lima.
Justificável, portanto, a criação em 2024 da diretoria de novos materiais e aplicações, para buscar a expansão do uso do nióbio em baterias, químicos, eletrônicos, vidros e superligas. O novo setor reúne especialistas em desenvolvimento de mercado baseados no Brasil, Estados Unidos, Europa e Ásia. A CBMM, segundo Lima, já iniciou pesquisas para aplicação em fungicidas agrícolas, materiais cerâmicos e tecnologias de descarbonização do aço, além de abrir uma frente em inteligência artificial aplicada ao desenvolvimento de novos materiais.
No campo socioambiental, entre outras iniciativas, a empresa lançou o programa Cadeia de Fornecimento Responsável, para fornecedores pequenos e médios. E prosseguiu com o aproveitamento de recursos minerais, como barita e magnetita, obtidos no processamento do nióbio. Há receita adicional e redução de descarte. Em 2024, as vendas desses produtos cresceram 58% .