Cientistas e empresas vêm tentando há décadas aproveitar a energia de fusão, o processo que alimenta o Sol, para gerar eletricidade na Terra.
Um acordo de US$ 6 bilhões , anunciado na quinta-feira para fundir a empresa de mídia social do presidente dos EUA, Donald Trump, a Trump Media and Technology Group DJT, com a TAE Technologies, apoiada pelo Google, é o mais recente desenvolvimento no setor, que ainda está longe da comercialização.
O QUE É FUSÃO?
A energia de fusão, processo que alimenta o Sol e as estrelas, ocorre quando átomos leves, como isótopos de hidrogênio, são forçados a se fundir sob pressão e temperaturas extremas, liberando enormes quantidades de energia.
Os reatores nucleares atuais são alimentados por fissão nuclear, processo no qual os átomos são divididos para liberar energia.
Físicos em empresas e laboratórios nacionais estão empenhados em replicar reações de fusão na esperança de produzir eletricidade que se espera ter baixa emissão de poluentes e não gerar resíduos radioativos de longa duração. Se bem-sucedida, a fusão poderá um dia ajudar a suprir a demanda por energia que, nos Estados Unidos, está crescendo pela primeira vez em décadas devido à inteligência artificial, criptomoedas e ao setor manufatureiro.
Apoiadores, incluindo a TAE e a Commonwealth Fusion Systems , esperam construir usinas para começar a fornecer energia à rede elétrica entre o final da década de 2020 e o início da década de 2030.
QUAIS SÃO OS OBSTÁCULOS?
Em 2022, cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore alcançaram, ainda que brevemente, pela primeira vez, um ganho líquido de energia em um experimento de fusão usando lasers. O laboratório replicou a descoberta desde então, mas a energia produzida nos experimentos é ínfima em comparação com a energia que disparou os lasers inicialmente.
As reações de fusão breves que os físicos conseguiram até agora precisariam ocorrer continuamente e a longo prazo para gerar eletricidade confiável.
As empresas de fusão também precisam desenvolver materiais e instalações que possam suportar bombardeios contínuos de nêutrons a longo prazo. Para se tornar uma fonte de energia amplamente utilizada, a fusão provavelmente teria que substituir a infraestrutura elétrica existente.
QUAIS SÃO AS TECNOLOGIAS?
A maioria das empresas de fusão está tentando impulsionar reações de fusão usando lasers ou grandes ímãs. A TAE planeja usar ímãs e feixes de partículas neutras, não lasers, para a fusão.
QUAIS PAÍSES ESTÃO INVESTINDO NA FUSÃO NUCLEAR?
Os Estados Unidos abrigam 29 desenvolvedores de fusão nuclear, o Reino Unido tem quatro, enquanto China, Alemanha e Japão estão entre os países que têm três, de acordo com a Fusion Industry Association (FIA), sediada nos EUA.
A China parece estar construindo um grande centro de pesquisa de fusão por ignição a laser, semelhante à instalação de fusão do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, em Mianyang. Esse empreendimento poderá auxiliar no projeto de armas nucleares e em pesquisas sobre geração de energia.
QUAIS EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO ESTÃO INVESTINDO?
A FIA afirmou no início deste ano que as empresas de fusão receberam quase US$ 9 bilhões em financiamento privado.
Diversas empresas, como a Chevron CVX, a Siemens Energy ENR, a Nucor NUE e a Alphabet (do Google) GOOG, investiram em empresas de fusão.
A Helion Energy, uma startup apoiada por Sam Altman, da OpenAI, e pelo braço de capital de risco do SoftBank, afirmou em julho ter iniciado a construção de uma usina de fusão nuclear planejada para fornecer energia aos data centers da Microsoft MSFT até 2028.