Integração das bolsas de valores chilena, peruana e colombiana pode impulsionar financiamento à mineração

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A integração do mercado de ações entre Chile, Peru e Colômbia caminha para a consolidação de um mercado único com regras uniformes que buscam melhorar a liquidez, a eficiência e a atratividade tanto para emissores quanto para investidores.

A interoperabilidade, prevista para começar em 2026, representa uma oportunidade para impulsionar o crescimento dos negócios regionais e reduzir a lacuna entre projetos de mineração e acesso ao financiamento.

As bolsas de valores de Santiago, Lima e Colômbia estão atualmente passando por ajustes técnicos para adaptar suas infraestruturas de negócios à plataforma digital gerenciada pela aliança entre a Nasdaq e a holding regional de bolsas de valores Nuam, com foco na abertura de novas oportunidades de negócios.

Troca de Nuam

O novo mercado financeiro regional oferecerá vantagens como menores custos operacionais, diversificação de instrumentos e aumento da produtividade de grandes empresas e PMEs.

Outros casos de integração semelhantes, como a Euronext na Europa ou a BME na Espanha, demonstram que esse tipo de aliança pode aumentar a liquidez e a competitividade dos mercados locais.

“Com um número maior de emissores de diversos setores, geografias e indústrias, as opções de colocação para investidores e gestores de portfólio são ampliadas. Por sua vez, as empresas que necessitam de capital terão acesso a uma ampla base de investidores com diferentes preferências e apetites de risco”, afirmou um comunicado do governo peruano em julho sobre as perspectivas da Nuam Exchange.

Uma pesquisa recente da Nasdaq confirma esse interesse: 84% dos entrevistados disseram que estavam dispostos a aumentar seus investimentos na América Latina, mas notaram obstáculos como fragmentação, erros de processamento e falta de padronização, fatores que a Nuam está tentando abordar.

Investimento em mineração

As economias andinas estão atrás de países como Austrália, Canadá, Brasil e México em sua capacidade de atrair investimentos estrangeiros. O novo mercado, com uma capitalização potencial de mais de US$ 450 bilhões, pode ser a chave para romper a estagnação, de acordo com um estudo da Universidade Adolfo Ibáñez.

Enquanto isso, a Nuam, juntamente com a MSCI, criou um índice para dar visibilidade às empresas já listadas na região, incluindo SQM, CAP e Salfacorp (Chile); Southern Copper, Minas Buenaventura e Volcan Minera (Peru); e Ecopetrol (Colômbia).

A presença do setor de mineração reflete o potencial da iniciativa para enfrentar um dos principais desafios das empresas de recursos naturais, especialmente aquelas dedicadas à exploração: o financiamento.

Desafios

Ainda há tarefas pendentes para que Nuam se torne uma fonte real de financiamento para mineração, especialmente na fase de exploração.

“Como padronizar os padrões de relatórios do NI 43-101, visto que ainda há dados limitados disponíveis em diferentes mercados, e a ideia não é limitar o capital ao mercado do norte. A confiança dos investidores e as regras precisam ser gerenciadas, como no Canadá, que já tem credibilidade internacional”, disse Guillaume Légaré, chefe da América do Sul na Bolsa de Valores de Toronto e TSX Venture, à BNamericas.

O NI 43-101 é um documento que define os padrões de divulgação para projetos de mineração relatados nas bolsas de valores canadenses.

Outro aspecto fundamental é encontrar o momento certo para atrair investimentos nos mercados, considerando os ciclos de preços das commodities, a sazonalidade dos investidores e fatores políticos, disse Giada Reina, consultora de projetos de investimento da Wohl Finance, no mesmo evento internacional de financiamento realizado em Santiago.

Aspectos-chave em meio à crescente demanda por minerais, já que não apenas gigantes como BHP, Anglo American ou Codelco buscam financiamento nos mercados internacionais, mas também PMEs de mineração que cada vez mais necessitam de apoio de instrumentos do mercado de ações.

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