O Naval Group, empresa francesa de defesa naval, conquistou dois novos contratospara a continuidade da construção do submarino de ataque nuclear brasileiro (SNA)no âmbito do PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos). O anúncio reforça a cooperação iniciada em 2008, quando Brasília selecionou o grupo — então conhecido como DCNS — para fornecer quatro submarinos diesel-elétricos da classe Scorpène e participar do desenvolvimento do primeiro submarino nuclear do país.
O contrato original foi avaliado em 6,7 bilhões de euros, contemplando não apenas a aquisição de embarcações, mas também ampla transferência de tecnologia para fortalecer a autonomia da Marinha do Brasil em projetos de alta complexidade.
Transferência de tecnologia e indústria nacional
Para viabilizar o PROSUB, o Naval Group formou uma joint venture com a Odebrecht, criando a Itaguaí Construções Navais (ICN), responsável pela produção local dos submarinos no Complexo Naval de Itaguaí (RJ).
A parceria trouxe ao Brasil tecnologias avançadas em propulsão, sistemas de combate, engenharia naval e processos industriais, capacitando engenheiros e técnicos brasileiros. O objetivo estratégico é garantir que, a médio e longo prazo, o país tenha condições de projetar e fabricar seus próprios submarinos nucleares, ampliando a soberania nacional em defesa e segurança marítima.
Impacto estratégico para o Brasil
A construção de um submarino nuclear coloca o Brasil entre um seleto grupo de nações que dominam essa tecnologia, como EUA, Rússia, França, China, Reino Unido e Índia. O projeto é considerado fundamental para a defesa da Amazônia Azul, área marítima de mais de 4,5 milhões de km² que abriga recursos naturais estratégicos, incluindo petróleo e gás do pré-sal.
Além do aspecto militar, o programa movimenta a cadeia produtiva nacional, gera milhares de empregos diretos e indiretos e fortalece o parque tecnológico brasileiro.
Próximos passos
Os novos contratos assinados com o Naval Group visam consolidar etapas críticas do desenvolvimento do submarino nuclear, incluindo áreas sensíveis como segurança do reator, sistemas de propulsão e integração de armamentos.
A expectativa é que, nos próximos anos, o Brasil alcance marcos decisivos para a finalização do primeiro submarino nuclear de ataque totalmente projetado e construído no país, reforçando sua autonomia estratégica e capacidade de dissuasão no Atlântico Sul.