
A sucata ferrosa é o principal insumo de 70% de todo o aço comercializado pela Gerdau. O cenário é inverso ao do mercado geral, segundo Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente da siderúrgica, que utiliza ainda o minério de ferro como matéria-prima majoritária. A produção de aço com materiais reciclados tem chamado a atenção de diversos clientes, em especial da indústria automotiva.
Montadoras, de acordo com Nunes, estão buscando fornecedores com baixo índice de emissão de CO2 e com bom índice de reciclabilidade, que, com o Mover, passou a ser um componente importante na hora de compor o IPI Verde.
“As empresas se interessam pelo índice de reciclabilidade do nosso aço porque traz uma melhoria nos parâmetros delas. Em muitos casos as montadoras que compram o nosso aço também nos fornecem os restos da sua produção, que são reciclados e retornam como aço para ser usado nas suas linhas produtivas.”
Para a produção de aços especiais, que tem alta demanda da indústria automotiva, a matéria-prima é sempre a sucata ferrosa, sem uso do minério de ferro. O produto tem uma pegada ambiental que emite apenas 25% dos poluentes, na comparação com a média global.
Reciclagem começou muito antes
O interesse da Gerdau pela reciclagem, porém, não vem de hoje. Começou em 1948, segundo a gerente, mas avançou bastante nos últimos anos.
“No ano passado produzimos 11,7 milhões de toneladas de aço a partir da sucata ferrosa, coletada de diversas fontes. Este é um número médio que produzimos por ano, pois existe uma limitação com relação à matéria-prima: ela não é de prateleira como o minério de ferro, para o qual basta negociar o volume e comprar”.
Desta forma a operação da Gerdau tem um impacto menor no meio ambiente. No Brasil a produção tem uma pegada ambiental ainda menor, pois utiliza energia 100% limpa, certificada pelo selo I-Rec, que garante o uso de energia apenas de fontes renováveis.
Na Gerdau existe uma área responsável pela compra de sucata para alimentar a produção, que é originada de duas fontes: a sucata industrial e a sucata doméstica. Na primeira são usados os resíduos gerados pela indústria automotiva e outras, que precisam dar o descarte correto para esse material e a Gerdau compra.
Já a sucata doméstica é coletada com a ajuda de parceiros, cadeia que envolve 1 milhão de pessoas que vão até os depósitos e compram para a Gerdau. O foco é tudo que tem ferro, como uma bicicleta velha, uma máquina de lavar, latas descartadas, dentre outros itens com ferro na sua composição.
A Gerdau também busca alternativas para aumentar o volume de sucata ferrosa coletada. Em 2023, a partir de parceria com a Vamos e a Volkswagen Caminhões e Ônibus, foram tirados de circulação 140 veículos sem condições de rodar, por meio do programa de descontos do governo federal. A ação gerou 800 toneladas de sucata, que foram transformadas em aço. Outra ação parecida foi a desmontagem de plataformas de petróleo, em parceria com a Petrobrás, que garantiu um volume relevante de matéria-prima sem agredir o meio ambiente no processo.
No Brasil a Gerdau tem nove fábricas responsáveis pela produção de aços longos, aços planos e aços especiais, sendo que os últimos, que são sempre feitoa a partir da sucata ferrosa, é produzido em Charqueada, RS, e em Pindamonhangaba, SP.