
Produtores de biocombustíveis no Brasil também esperam bons negócios com a Europa a partir do acordo do bloco europeu com o Mercosul. É o que aponta Erasmo Battistella, presidente da BE8 – empresa brasileira líder no setor de biocombustíveis e uma das maiores produtoras de biodiesel do mundo.
Em conversa com o “Real Time”, programa do Times Brasil — Licenciado Exclusivo CNBC, nesta quinta-feira (18), o executivo lembrou que pende positivamente para os produtores do Brasil o fato da mudança significativa na União Europeia na percepção dos biocombustíveis. “A Alemanha, que é um dos grandes países da União Europeia, na última semana aprovou uma legislação demonstrando sua intenção de ampliar a utilização dos biocombustíveis”, lembrou Battistella.
“Então, há uma mudança também de percepção do uso e a produção de biocombustíveis, que é muito bom, porque é um continente que efetivamente tem um compromisso claro e formal com a transição energética”, completou.
Ele frisou que o acordo vai ser muito bom para ambos os blocos econômicos continentais. “O Mercosul e a União Europeia podem fazer bons negócios e gerar valor para os dois continentes através desse acordo”, defendeu.
Balanço
Battistella disse ainda que 2025 foi um ano importante para o setor de produção de biocombustíveis no Brasil. “Pela primeira vez na história do nosso país, nós chegamos a uma mistura de 15% de biodiesel (B15) e 30% de etanol na gasolina (E30). Então é um ano histórico porque também começamos a implementação do projeto do país, que é o Combustível do Futuro”, avaliou.
Ele também comemorou as metas alcançadas pela BE8 no ano de 2025. “Nós tínhamos uma meta de aumentar a nossa participação de mercado, e conseguimos através da aquisição de três unidades no Mato Grosso, Piauí e Pará. E também agora, no final do ano, anunciamos a aquisição da segunda unidade no Mato Grosso”, explicou.
Battistella também contou que a companhia conseguiu avançar na construção de uma usina de etanol, com base em cereais de inverno no Rio Grande do Sul, que deve operar no próximo ano. “E também colocamos o pé no hidrogênio, esse é um projeto inovador. Vamos, a partir do ano que vem, estar nesse mercado também”.
O executivo explicou como deve ser a entrada da BE8 no mercado de hidrogênio, cuja produção terá duas rotas. De início, segundo ele, um volume pequeno, em uma escala menor; a partir daí, a BE8 vai avaliar custos e também quais melhorias serão necessárias no processo para que a produção ganhe escala.
“Eu, particularmente, acredito que os biocombustíveis têm vida muito longa para o transporte pesado. E acredito que a evolução dos biocombustíveis e do diesel será para hidrogênio, para transporte pesado”.