
A indústria naval da Bahia vive um novo ciclo de crescimento, impulsionado pelos mais de R$ 8,5 bilhões em financiamentos aprovados entre 2023 e 2025 pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM), vinculado ao Ministério de Portos e Aeroportos (MPor). Os recursos são voltados à construção, modernização e ampliação de embarcações e estaleiros, com geração estimada de 4.785 empregos diretos, e posicionam o estado como um dos principais polos navais do país.
Os projetos contemplam diferentes tipos de embarcações, com destaque para unidades de apoio marítimo e offshore – fundamentais para operações de logística, energia e defesa ambiental – como RSVs (embarcações de suporte a veículos operados remotamente) e OSRVs (embarcações de resposta a derramamento de óleo). Também foram aprovados projetos voltados ao transporte fluvial de cargas, como empurradores, balsas e rebocadores, além da modernização de estruturas produtivas da indústria naval baiana.
“O Fundo da Marinha Mercante cumpre um papel essencial para a modernização da infraestrutura logística e para o fortalecimento da indústria nacional. Na Bahia, estamos falando de investimentos que geram emprego, dinamizam a economia local e reposicionam o estado como protagonista da construção naval no Brasil”, afirma o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
“Estamos falando de investimentos que geram emprego, dinamizam a economia local e reposicionam o estado como protagonista da construção naval no Brasil”
Silvio Costa Filho
Estaleiro Enseada
O Estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragogipe (BA), concentra o maior volume de investimentos aprovados no período, totalizando R$ 8,4 bilhões. A unidade, que passou por um processo de reestruturação nos últimos anos, volta a operar como porto privado e centro logístico para a indústria naval e offshore, com perspectiva de atender também ao setor de energias renováveis.
Entre os projetos que serão executados no estaleiro, destacam-se:
R$ 2,8 bilhões para a construção de quatro embarcações do tipo RSV, com geração estimada de 1.164 empregos diretos;
R$ 2,8 bilhões para a construção de seis OSRVs, com 1.400 postos de trabalho diretos;
Outros R$ 2,8 bilhões para quatro RSVs, com estimativa de 1.460 empregos diretos.
A relevância desses investimentos foi evidenciada em evento realizado nesta quinta-feira (9) , no próprio Estaleiro Enseada, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Silvio Costa Filho. Durante o encontro, foram reafirmadas as iniciativas voltadas à retomada da indústria naval e à dinamização da economia baiana.
O presidente ressaltou a importância da geração de empregos qualificados, enquanto o ministro destacou o papel estratégico do FMM como ferramenta de desenvolvimento regional e logístico.
Projetos contratados e em execução
Dos valores aprovados pelo FMM para a Bahia, R$ 912,9 milhões já foram contratados com o BNDES, agente financeiro do fundo. Parte dessas obras já está em andamento, como o projeto da LHG Logística Ltda., que prevê a construção de 80 balsas mineraleiras e quatro empurradores fluviais. Somente essa iniciativa deve gerar cerca de 2 mil empregos diretos. Desse total contratado, R$ 118,6 milhões já foram efetivamente liberados para a execução das obras.
Outro destaque é a modernização do Estaleiro Belov, em Simões Filho (BA), que conta com financiamento de R$ 73,6 milhões para ampliar sua capacidade industrial e segurança operacional, com estimativa de 550 empregos diretos.
A reativação e expansão da indústria naval baiana não gera apenas empregos diretos: os efeitos se estendem à cadeia produtiva regional, com demanda crescente por aço, motores, sistemas de navegação, serviços técnicos e fornecimento de peças. A movimentação da indústria impulsiona segmentos complementares e fortalece o papel da Bahia como centro logístico do Nordeste.
Além disso, os investimentos contribuem para o fortalecimento da infraestrutura de transporte no país, com embarcações mais modernas, sustentáveis e adaptadas às novas demandas do setor energético, do comércio marítimo e da logística fluvial.
Petrobras anuncia R$ 2,6 bilhões para indústria naval na Bahia
A retomada de investimentos da Petrobras na indústria naval na Bahia prevê a construção de seis embarcações de apoio marítimo offshore nos próximos anos, que serão fabricadas no estaleiro Enseada, em Maragogipe, município do Recôncavo Baiano, a cerca de 130 quilômetros de Salvador.
Os detalhes foram anunciados na quinta-feira, 9, em evento na região que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Jerônimo Rodrigues, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, além de ministros e centenas de trabalhadores do estaleiro.
“Estou aqui para recuperar a indústria naval brasileira, mas os caras que deixaram um estaleiro dessa magnitude parado deveriam ser presos por causarem prejuízos à população brasileira”, afirmou Lula durante o anúncio do investimento bilionária para retomar o projeto.
Pela manhã, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, Lula participou da inauguração da nova fábrica de veículos elétricos e híbridos da chinesa BYD, na antiga fábrica da Ford, fechada em 2021.
As seis embarcações são do tipo ORSV (Oil Spill Response Vessel, em inglês), especializadas em atividades de controle de vazamentos em alto-mar, e serão construídas pela empresa navegação CMM Offshore Brasil, para depois serem repassadas para uso da Petrobras.
O investimento total é estimado em R$ 2,58 bilhões, com previsão de quatro anos para construção e 12 anos de operação para cada contrato. Apenas nessa construção, mais de 5,4 mil empregos, entre diretos e indiretos, serão gerados. Os contratos também exigem 40% de conteúdo local nos componentes usados na fabricação dos barcos.
“Só para lembrar vocês, nós ficamos 8 anos sem que a Petrobras fizesse uma única demanda à indústria naval brasileira. O que nós estamos retomando, portanto, não tem preço”, destacou Magda Chambriard.
Segundo a presidente da Petrobras, a companhia já avançou na contratação de 44 de 48 embarcações planejadas para fabricação no Brasil, em diferentes estaleiros do país. Os barcos, segundo ela, têm porte médio a grande, acima de 1 mil metros quadrados de área livre. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia (MME), a renovação da frota naval no Brasil deve gerar 44 mil empregos e R$ 23 bilhões em investimentos.
De acordo com a estatal, as embarcações que serão construídas na Bahia serão equipadas com um sistema de propulsão híbrida, que combina motores elétricos e baterias com geradores movidos a diesel e biodiesel, além da possibilidade de conversão futura para etanol, capazes de reduzir em até 25% de emissões de dióxido de carbônico (CO2), o principal gás causador do efeito estufa.
Durante o evento, o Ministério de Portos e Aeroportos anunciou investimento de R$ 611,7 milhões para a construção de 80 embarcações destinadas à expansão das atividades no setor naval e aquaviário. Desse total, R$ 550,5 milhões serão recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM).
O financiamento, de acordo com a pasta, tem potencial de gerar mais de 2 mil empregos diretos. Até o momento, foram construídas quatro embarcações e outras três estão em fabricação.
O Fundo da Marinha Mercante, mantido pelo governo federal, financia a renovação da frota e a reparação de embarcações.
“Aqui, no Estaleiro Enseada, renascem quase 7 mil empregos diretos de qualidade. Salários dignos para melhorar a vida das famílias. Mais de 90% dos postos de trabalho estão sendo ocupados por gente daqui, do Recôncavo Baiano. Mão de obra local, benefício local”, celebrou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Fábrica de fertilizantes
A Petrobras também anunciou a retomada e operação das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia e de Sergipe (Fafen-BA e Fafen-SE), cujas atividades devem começar em janeiro. As plantas vão produzir amônia, ureia perolada e ARLA-32, utilizando contrato que ainda inclui a operação dos Terminais Marítimos de Amônia e Ureia no Porto de Aratu, em Candeias, na Bahia.
Na Fafen Bahia, o investimento previsto para a retomada da unidade é R$ 38 milhões e a estimativa é de que sejam gerados 750 empregos diretos. Os mesmos valores de investimento e empregos estão previstos para a planta sergipana.
As duas fábricas, juntamente com a Araucária Nitrogenados S.A (ANSA), outra fábrica nacional de fertilizantes da Petrobras, instalada no Paraná, responderão por 20% de toda a produção de fertilizantes consumida pelo setor agrícola brasileiro. Uma nova fábrica em construção no Mato Grosso deve elevar a produção nacional para 35% de toda a demanda nos próximos anos, assegurou a presidente da Petrobras.
Ainda na Bahia, o governo estadual e a Petrobras assinaram um protocolo de intenções para que a estatal possa utilizar o canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu (BA) para o acostamento de plataformas de petróleo. No local, essas plataformas serão descomissionadas parcialmente e, no futuro, poderão ser reconstruídas no mesmo local, gerando novos empregos.
O protocolo também prevê a disponibilização de parte do canteiro para que estado da Bahia utilize a área como apoio à construção da Ponte Salvador-Itaparica.