BNDES vai ter fundo de investimento de US$ 1 bilhão com a China

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O diretor de planejamento e relações institucionais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa, projetou para o início do ano que vem a operação de um fundo de US$ 1 bilhão administrado pelo BNDES em parceria com o Banco de Exportação e Importação da China (Cexim).

Primeiro fundo bilateral entre uma instituição brasileira e uma chinesa, o instrumento vai operar em reais. Serão priorizados projetos de transição energética. Setores de infraestrutura, comércio, mineração, agricultura, inteligência artificial, entre outros, também serão contemplados.

O memorando para estabelecer o fundo foi assinado pelo BNDES e o Cexim em dezembro do ano passado. Em setembro deste ano, as instituições firmaram um termo de compromisso e uma declaração de intenção de cooperação.

O Cexim entrará com US$ 400 milhões, e o BNDES, com US$ 600 milhões. De acordo com Barbosa, o montante será destinado para financiar investimentos via mercado de capitais.

“Pode ser em [compra de] ação, dívida ou investimento em outros fundos”, disse Barbosa nesta quinta-feira (2) em um seminário sobre as relações entre China, América Latina e Caribe, realizado na sede do BNDES, no Rio.

“Sul Global não pode ficar de braços cruzados diante de intimidação”

— Zhu Qingqiao

Segundo o diretor, o fundo permitirá que o Eximbank chinês invista em outros países da América Latina e do Caribe. “Isso vai ser um marco. A gente espera que esse fundo já esteja operando no início do ano que vem.”

O ex-ministro do Planejamento disse ainda que o BNDES negocia com a Administração Estatal dos Ativos Externos da China (Safe, na sigla em inglês), órgão que administra as reservas chinesas, a criação de um fundo de aplicação em títulos de países da América Latina, com foco no Brasil.

“No mundo de hoje em que o Ocidente está mais arriscado, principalmente o Norte, é importante diversificar. E o Brasil, por bem ou por mal, tem uma das taxas de juros mais altas do planeta”, declarou.

O diretor destacou ainda que, nos últimos dois anos, o banco de fomento brasileiro obteve do Banco de Desenvolvimento da China uma linha de longo prazo de R$ 1,2 bilhão para transição energética.

Barbosa defendeu que o crescimento da China foi importante para o desenvolvimento brasileiro, mas ressaltou que a integração precisa ir além da complementaridade entre os mercados.

No mesmo evento, a secretária de Ásia e Pacífico do Ministério de Relações Exteriores (MRE), embaixadora Susan Kleebank, afirmou que o eixo geoeconômico mundial se deslocou para a Ásia.

Segundo Kleebank, o comércio bilateral entre Brasil e China alcançou um novo recorde no ano passado, somando US$ 180 bilhões.

O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, destacou que os tempos atuais se distinguem pela inserção dos países em desenvolvimento nas cadeias de valor. Por isso, defendeu que as nações do chamado Sul Global representam um canal para manter a paz, promover o desenvolvimento e aprimorar a governança mundial.

Para Qingqiao, a governança global vive uma “encruzilhada” e a comunidade internacional não pode permitir retrocessos.

“A comunidade internacional, especialmente o Sul Global, não pode ficar de braços cruzados nem permitir retrocessos históricos diante da hegemonia e prática de intimidação de uma potência”, disse, sem citar nominalmente os Estados Unidos ou o presidente Donald Trump.

Para Qingqiao, o mundo encontra-se em um período marcado por mudanças e turbulências, no qual a falta de regras claras e o déficit de governança global impõem obstáculos ao desenvolvimento econômico.

O embaixador defendeu o fortalecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e lembrou que o organismo foi fundado há 80 anos, após duas guerras mundiais, para abrir uma nova página na governança global.

“Hoje, no entanto, ainda persiste a mentalidade de Guerra Fria em que hegemonismo, protecionismo e conflitos regionais aumentam”, ressaltou.

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