Em entrevista ao SBT em Washington (EUA), o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Antonio Ricardo Alban, destacou que Brasil e Estados Unidos têm a oportunidade de se tornarem os maiores produtores globais de etanol e reforçou a necessidade de cooperação em setores estratégicos.
A fala ocorreu um dia antes da audiência pública na Comissão Internacional de Comércio Exterior, parte do processo de investigação iniciado pelo governo americano contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais.
Alban ressaltou que a presença de 130 representantes de empresas e entidades brasileiras e americanas reforça a preocupação com as tarifas de 50% impostas pelos EUA e a necessidade de soluções negociadas. Ele citou exemplos de setores especialmente prejudicados, como máquinas e equipamentos, aviação, madeira processada, mel e carnaúba, que representam economias locais inteiras em cidades brasileiras.
Para o presidente da CNI, o etanol pode ser o caminho de maior integração econômica:
O Brasil tem destaque na produção a partir da cana-de-açúcar;
Os EUA produzem principalmente a partir do milho;
Há novas pesquisas no Brasil com macaúba, agave e até eucalipto para geração de biocombustíveis sustentáveis, incluindo o SAF (combustível sustentável de aviação).
Além do etanol, Alban destacou outras áreas de possível cooperação, como data centers movidos a energia renovável e a exploração conjunta de minerais críticos e terras raras, em que o Brasil tem a segunda maior reserva mundial.
“Temos tantas complementaridades que precisamos sair dessa discussão de décadas. Podemos construir parcerias de ganha-ganha, que tragam valor agregado e fortaleçam a relação bilateral”, afirmou.
Segundo ele, mesmo diante das tensões políticas, a expectativa é criar uma “mesa de negociação” para tratar tanto das tarifas quanto de oportunidades de negócios que tragam benefícios mútuos.