
A informação é de Camila Souza Ramos, na edição de 30 de setembro de 2025 do jornal Valor Econômico: com a ascensão de novos mandatos para biocombustíveis, a centenária Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP) já tem, em suas pranchetas, projetos para construir uma planta de etanol de milho e uma de biometano.
Os estudos para erguer uma usina de etanol de milho começaram há pouco mais de um ano, revela Gastão Mesquita, sócio e CEO da companhia, em entrevista ao Valor, concedida no dia 24 de setembro, data em que o grupo completou 100anos (veja vídeo comemorativo divulgado pela companhia).
Onde ficará?
O plano é que a indústria seja construída ao lado da Usina Jussara, primeira unidade sucroalcooleira do grupo, em município homônimo no Paraná, uma região
com grande produção de milho.
A Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP) acaba de comemorar 100 anos de história. Reconhecida por sua atuação visionária na colonização e no desenvolvimento do Norte do Paraná – região responsável hoje por 21% do PIB do estado –, a empresa se renovou ao longo das décadas e, a partir dos anos 2000, se consolidou como uma das referências no setor sucroenergético, com a produção de etanol, açúcar e bioenergia.
Na safra 2024/2025, a CMNP registrou receita líquida de R$ 1,6 bilhão, EBITDA de R$ 827 milhões e capacidade de moagem de 8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. No período, foram produzidos 500 milhões de litros de etanol, 200 mil toneladas de açúcar bruto e 250 mil MWh de energia elétrica exportada, obtida a partir da biomassa.
A história da CMNP remonta à década de 1920, quando empresários ingleses liderados por Simon Fraser – o Lord Lovat – chegaram ao Brasil em busca de terras para a produção de algodão. No entanto, uma sugestão de Gastão Mesquita Filho, então um jovem engenheiro do interior de São Paulo, mudou os rumos da empresa, que passou a se dedicar à implantação de um dos maiores projetos privados de colonização do Brasil, que daria origem a 63 cidades do Norte do Paraná – entre elas Londrina, Maringá, Apucarana e Cianorte.
Com a venda de mais de 115 mil lotes urbanos e rurais, uma região completamente inexplorada passou a ser ocupada por imigrantes – os chamados pioneiros – vindos principalmente de cidades do interior de São Paulo. Lá, eles passaram a aproveitar a abundante terra roxa, sobretudo para o cultivo do café.
Em 1944, a CMNP passou a ser controlada por um grupo de empresários brasileiros, com a liderança de Gastão de Mesquita Filho. E, desde então, passou a diversificar seus negócios, atuando prioritariamente em infraestrutura com a produção de cimento, ferro gusa e agropecuária.
A partir da década de 1990, a companhia intensificou sua atuação no segmento sucroenergético e, hoje, sua principal atividade é a produção de etanol, açúcar e bioenergia, como associada à Copersucar – um dos maiores players do setor no mundo. Um forte investimento em ciência e tecnologia levou a CMNP a ampliar em 360% sua capacidade produtiva nos últimos 12 anos.
Atualmente, a CMNP conta com 4,7 mil colaboradores, distribuídos em três unidades: Jussara e Nova Londrina, no Paraná, e Suzanápolis, em São Paulo. São quase 100 mil hectares de área plantada com tecnologias inovadoras de cultivo e controle biológico de pragas, além de receitas derivadas da captura de carbono por meio da adoção de CBIOs – ou Créditos de Descarbonização, títulos financeiros que comprovam a redução de gases de efeito estufa na atmosfera.
“Desde os primeiros passos, nossa trajetória tem sido marcada pela coragem de mudar, pela ousadia em inovar e pela dedicação em construir um futuro mais sustentável e próspero”, diz Gastão Mesquita, diretor-presidente da CMNP e membro da terceira geração da família fundadora. “A ética e a sustentabilidade sempre foram pilares fundamentais, e nossos valores evidenciam nossa jornada em aprimorar nossas operações e impactar positivamente a sociedade.”
Celebração – Em comemoração ao centenário, Gastão Mesquita assina com Jorge Caldeira o livro De Olhos Abertos e Pés no Chão, da editora Sextante. Com texto de Caldeira, membro da Associação Brasileira de Letras e autor de best-sellers como Mauá: Empresário do Império e A Nação Mercantilista, o livro foi guiado por uma extensa pesquisa e pelas memórias de Mesquita. A publicação já está disponível em livrarias de todo o país.