Durante a inauguração do novo Centro de Radioterapia do Hospital Nossa Senhora das Dores, em Itabira, na região Central de Minas, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) reforçou a previsão de esgotamento do minério de ferro na cidade em 2041. Diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que participou do evento nesta quinta-feira (11), o gestor pediu apoio federal para ampliar investimentos em conhecimento, tecnologia e alternativas econômicas capazes de reduzir os impactos do declínio mineral na região.
“Itabira, esse solo que é o berço da mineração do Brasil, precisa de muito mais. Estamos diante do maior desafio da existência da nossa cidade, que é reinventar a matriz econômica antes que o minério acabe em 2041, conforme a previsão da Vale. Mesmo que haja alguma sobrevida, todos sabemos que o minério não dá duas safras”, disse Lage.
Plano Itabira Sustentável como alternativa
Ele ressaltou o papel estratégico do “Plano Itabira Sustentável”, desenvolvido em parceria com a Vale e voltado para projetos estruturantes de desenvolvimento de longo prazo. Segundo o prefeito, o futuro do município depende de comprometimento e da criação de um legado que supere o histórico de dependência econômica da mineração.
“É preciso compromisso. Itabira pode ser mais um caso de fracasso na relação entre mineração e sociedade. No entanto, pode se tornar um exemplo nacional de legado positivo. Não é aceitável que a cidade que é berço da mineração no País seja condenada ao abandono quando o minério se for”, avaliou.
Após o discurso, Lage acompanhou Lula na agenda de inaugurações do governo federal. Em Itabira, foi entregue o novo Centro de Radioterapia, parte de um conjunto de cinco equipamentos ativados simultaneamente em:
Itabira (Minas Gerais)
Goiânia (Goiás)
São Luís (Maranhão)
Marília (São Paulo)
Colatina (Espírito Santo)
Mais de R$ 67,5 milhões foram investidos na compra dos aceleradores lineares do programa Agora Tem Especialistas. Cada unidade tem capacidade para atender 600 novos pacientes por ano, reduzindo deslocamentos médios de 145 quilômetros para acessar radioterapia.
“Este aparelho instalado aqui, para qualquer pessoa fazer radioterapia quando precisar, é o mesmo utilizado por um presidente dos Estados Unidos. Se ele precisar realizar o tratamento, usará uma máquina igual à que vocês estão usando. Se eu precisar, também será na mesma máquina que está disponível para vocês”, disse Lula durante a entrega do centro.
O presidente reforçou a importância do acesso universal e igualitário à saúde. “Todos nós, dos mais humildes aos mais importantes, têm que ter os mesmo direitos e oportunidades. Significa que em uma sociedade humana que a gente quer criar ela não pode ter as pessoas de primeira classe que tem tudo e as de segunda classe que não tem nada”, observou.
A cerimônia reuniu Lula, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e outras autoridades que participaram das inaugurações nas demais cidades. Os novos centros fazem parte do Plano de Expansão da Radioterapia no SUS, que prevê a entrega de 121 aceleradores lineares até 2026 e a ampliação do atendimento para 84,7 mil pacientes no País.
A agenda federal em Minas Gerais também incluiu o anúncio de R$ 100,2 milhões do Novo PAC Saúde, destinados à ampliação da rede pública. Entre as obras previstas estão duas policlínicas em Ipatinga e Divinópolis — investimento de R$ 60 milhões — e três Centros Especializados em Reabilitação em Betim, Juiz de Fora e Muriaé, buscando reduzir vazios assistenciais e fortalecer a cobertura de saúde no Estado.