Com Porto Feliz destruída, Toyota tem cenário preocupante nos próximos meses

Imagem da notícia

Os prejuízos causados pelo vendaval na fábrica de Porto Feliz, SP, na segunda-feira, 22, podem ser bem maiores para a Toyota do que os enormes estragos das edificações e maquinários e que praticamente aniquilaram o complexo localizado a pouco mais de 100 km da capital paulista.

A montadora ainda não divulgou qualquer balanço sobre as perdas estruturais e, naturalmente, não se manifestou sobre quando poderá retomar a produção em sua única planta de motores no País, responsável pelo fornecimento para os veículos montados na fábrica do vizinho município de Sorocaba.

Mas a julgar pelas muitas imagens colhidas no momento da tempestade e as coletadas nas horas seguintes, inclusive por drones, muito pouco restou intacto do complexo inaugurado em 2016 para produzir, inicialmente, 108 mil motores por ano e que consumiu investimento inicial de R$ 580 milhões. Difícil, assim, acreditar em recuperação da estrutura ainda este ano e a volta ao trabalho de seus perto de 700 colaboradores.

Sem os motores de Porto Feliz, os cerca de 3,5 mil trabalhadores da planta de Sorocaba, inaugurada quatro anos antes, também devem paralisar suas atividades rapidamente, já que é de lá que saem os motores que equipam Corolla e Corolla Cross, o futuro Yaris Cross, cujo lançamento previsto para outubro já está adiado, além de unidades para o compacto Etios montado somente para exportação.

A interrupção temporária da produção de veículos da Toyota no Brasil, portanto, é iminente. A catástrofe de Porto Feliz, assim, agravará as dificuldades que a montadora vinha enfrentando nos últimos meses para manter participação e vendas.

Contra o crescimento médio de 3,2% dos licenciamentos de automóveis e comerciais leves no mercado interno em 2025, a Toyota vendeu quase 7% a menos. Foram 130,5 mil emplacamentos de janeiro a agosto de 2024 ante 121,9 mil este ano.

O índice de recuo só não foi ainda maior graças ao Corolla Cross, modelo líder de vendas da marca. O utilitário esportivo, de fato, vinha sendo o único produto de volume da Toyota com aumento expressivo de licenciamentos — o importado RAV4 cresceu proporcionalmente mais, mas sobre base muito menor, tanto que tem só 2,1 mil unidades em oito meses.

Enquanto isso, o SUV médio alcançou 44,7 mil unidades negociadas, salto de 44%. De 10º posto no ranking dos utilitários esportivos, ocupa atualmente a 3ª colocação, muito próximo do vice-líder Hyundai Creta, que teve apenas 1 mil unidades entregues a mais em oito meses.

Em agosto, o Corolla Cross vendeu exatas 7.737 unidades, recorde mensal que o colocou pela primeira vez na ponta do segmento, à frente do Volkswagen T-Cross, ainda líder no acumulado do ano.

Dos outros três veículos ofertados aqui, a picape Hilux e sua variação SUV SW4, ambos produzidos na Argentina, seguem com ligeiros crescimentos na comparação com o ano passado, e o Corolla, esse sim, vinha perdendo desempenho comercial de modo acentuado.

Líder histórico de vendas da Toyota no País por mais de duas décadas até 2020, quando foi ultrapassado pela Hilux, o sedã colhe números decrescente especialmente nos últimos dois anos.

Se em 2023 vendeu 42,9 mil unidades, encerrou o ano passado com 37,7 mil licenciamentos e, com 24,5 mil nos oito últimoses meses, já sinalizava que nem esse resultado conseguiria repetir em 2025.

Com o novo cenário deflagrado pelo vendaval de segunda-feira, tudo ficará ainda mais difícil, não só para o Corolla, mas para toda a Toyota em 2025, quicá em 2026.

Compartilhe esse artigo

Açogiga Indústrias Mecânicas

A AÇOGIGA é referência no setor metalmecânico, reconhecida por sua estrutura robusta e pela versatilidade de suas operações.
Últimas Notícias