Concessões devem criar eixos estratégicos de escoamento

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Licitações de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos que devem trazer cerca de R$ 400 bilhões de investimentos na infraestrutura logística nos próximos cinco anos, segundo cálculos da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), irão estruturar eixos estratégicos para o escoamento de cargas dentro do Sudeste e dos Estados que o compõem para outras regiões do país.

A Fernão Dias (BR-381/MG/SP), que liga Belo Horizonte a São Paulo, cruzando 33 municípios, tem 108 km de faixas adicionais previstas no contrato que irá a leilão na semana que vem. Serão mais de R$ 15 bilhões em investimentos. Em cada uma das praças passam mais 61 mil veículos por dia, segundo o Ministério dos Transportes. As intervenções no sentido de São Paulo devem facilitar a conexão com o Porto de Santos (SP), enquanto melhorias no trecho de Belo Horizonte a Governador Valadares (MG), que foi concedido no ano passado, podem aumentar a fluidez em direção ao Espírito Santo e ao Porto de Tubarão, em Vitória.

Essas e concessões envolvendo estradas de Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária do país, devem contribuir para tornar o Estado uma espécie de hub para escoar a produção do agronegócio, da indústria e da mineração. É o caso da BR-040, que conecta Cristalina, cidade de Goiás que tem um dos maiores PIBs agrícolas do país, a Belo Horizonte (concedida no ano passado), vai até a mineira Juiz de Fora (leilão também em 2024) e de lá segue até o Rio de Janeiro, trecho que foi a certame neste ano.

“As obras vão viabilizar um melhor corredor logístico do sistema produtivo brasileiro”, afirma Rafael Martins de Souza, pesquisador do FGV Ceri e professor associado de economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Entre os leilões já realizados e aqueles que estão previstos, o total de investimentos nas estradas do Estado deve ultrapassar R$ 90 bilhões.

Outros eixos devem facilitar a integração entre modais. No Rio de Janeiro, a otimização contratual da Autopista Fluminense deve melhorar o trajeto de Niterói aos portos de Açu e Macaé. Já a otimização da Ecovias Capixaba deve trazer ganhos no fluxo de cargas do Nordeste para o porto de Tubarão.

Em São Paulo, a hidrovia Tietê-Paraná recebeu aporte de R$ 147,7 milhões da Eletrobras para ampliação do canal de navegação que contorna a hidrelétrica de Nova Avanhandava, em Buritama, região noroeste do Estado. “Com isso a hidrovia pode assumir parte dos fluxos hoje concentrados na rodovia, especialmente para grãos, operando de forma integrada aos modos rodoviário e ferroviário”, explica o diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos. De lá, a carga que chega pela hidrovia pode ser seguir pela malha ferroviária da MRS até o Porto de Santos.

O setor produtivo, porém, avalia que faltam investimentos em ferrovias e melhor integração com o modal. “Nas licitações recentes, vemos pouco investimento em malha ferroviária”, afirma a Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), que cobra conexões com as novas áreas agrícolas.

Já o governo prevê levantar R$ 650 bilhões em recursos com os oito leilões que pretende lançar dentro da Política Nacional de Outorgas Ferroviárias, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho, ao anunciar o projeto, na semana passada. Dois deles serão no Sudeste. O primeiro é o Corredor Minas-Rio, que busca reativar um ramal logístico hoje inoperante e fazer a conexão entre o Porto Seco Sul, em Varginha (MG), e o Porto de Angra dos Reis (RJ). “Ele é crucial para escoar o calcário da CSN [Companhia Siderúrgica Nacional]”, disse o ministro.

O outro projeto é a Estrada de Ferro 118 (EF-118), também chamada de Anel Viário do Sudeste, deverá fazer a ligação entre Santa Leopoldina (ES), onde estará conectada à Estrada de Ferro Vitória a Minas, e Nova Iguaçu (RJ), com conexão à malha da MRS Logística. “Isso criaria uma conexão entre todos os portos do sul do Espírito Santo e do norte do Rio de Janeiro, incluindo Açu, que hoje não tem ferrovia”, afirmou Renan Filho.

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