Concorrência chinesa afeta também setor de máquinas e equipamentos

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A expansão chinesa, antes concentrada na siderurgia, se estende a diversos segmentos, gerando preocupações entre empresários. No primeiro semestre, a balança comercial entre Brasil e China registrou superávit de US$ 12 bilhões – o menor desde 2019, influenciado pela queda de 7,5% nas exportações brasileiras e pelo crescimento expressivo das importações, que consolidaram o país asiático como principal fornecedor de produtos ao mercado nacional. A guerra tarifária entre Estados Unidos e China contribuiu para esse cenário, impulsionando o mercado interno como destino estratégico para os produtos chineses.

No semestre passado, houve crescimento expressivo nas compras brasileiras de aço da China, acima de 2 milhões de toneladas. E setores que usam o insumo como base para seus produtos, como o de máquinas e equipamentos, têm sentido a concorrência chinesa.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) alerta para o risco de retração da produção diante da importação maciça de máquinas produzidas com aço chinês. “Em 1990, o Brasil exportava a mesma quantidade de máquinas que o país asiático. Hoje, a China detém 20% do mercado mundial, enquanto o Brasil fica apenas com 1%. O faturamento da nossa indústria caiu à metade em três décadas”, afirmou, durante o Congresso Aço Brasil, realizado em agosto em São Paulo, José Velloso Dias Cardoso, presidente da Abimaq. O setor diz que a situação é agravada pela falta de políticas industriais eficazes e medidas como incentivos à inovação, revisão da política de importação e fortalecimento da cadeia produtiva local.

Segundo William Hess, co-CEO da PRC Macro Consultoria, a China investiu muito em energia renovável, que ficou barata e tornou-se um dos pilares da sua competitividade. “E isso se reflete diretamente nos preços das exportações”, disse. Ele alertou para uma nova onda de investimentos chineses em outros países, estimada em até US$ 12 trilhões até 2040, e seus impactos nos mercados globais.

“É preciso desmistificar a ideia de que energia barata é uma vantagem natural. Trata-se de uma estratégia estatal que não pode ser replicada em economias de mercado”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho. Ele indicou que a capacidade de produção chinesa muito acima da demanda interna, a transferência forçada de tecnologia e os baixos salários distorcem a competição global.

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) relatou queda nas encomendas especialmente nas linhas de produtos populares, onde a concorrência com calçados chineses é mais intensa. Já a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) vê uma “luz no fim do túnel”; o setor tem conseguido preservar uma posição relevante, apesar de ter perdido 1 ponto percentual de participação de mercado nos últimos 20 anos.

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