O agronegócio brasileiro tem registrado aumento na busca por consórcios de veículos pesados. De janeiro a julho de 2025, R$ 27,5 bilhões em créditos foram comercializados, 14% a mais que no mesmo período do ano passado, segundo Patrick Leite Santos, doutor em economia e gerente de planejamento na Multimarcas Consórcios.
Em entrevista à Mundo Agro, o especialista detalhou os motivos desse crescimento, a vantagem financeira dos consórcios sobre financiamentos tradicionais e a influência da logística e da modernização da frota na decisão dos produtores.
Mundo Agro: Qual foi o volume de créditos comercializados em consórcios de veículos pesados no primeiro semestre de 2025?
Patrick Leite Santos: De janeiro a julho de 2025, foram comercializados R$27,50 bilhões de créditos de veículos pesados, de acordo com dados do BACEN e ABAC.
Comparando com o mesmo período do ano passado, isso corresponde a um aumento de 14%. Então, mesmo descontando a inflação do IPCA registrada em 2024 de 4,83%, essa vertical teve um crescimento real de 9,17%.
Na Multimarcas Consórcios também é observada a busca por grupos e planos de veículos pesados. De janeiro a julho de 2025, as vendas de cotas de veículos pesados foram responsáveis por 12,63% dos créditos comercializados.
Mundo Agro: Por que o aumento do tíquete médio pode indicar uma tendência de veículos mais modernos ou mais caros?
Patrick Leite Santos: O crescimento de 31,9% do tíquete médio das cotas de consórcio de veículos pesados, comparando-se julho de 2024 com julho de 2025, de acordo com dados do BACEN e ABAC, sugere uma tendência de busca por veículos mais modernos, com mais tecnologia e segurança, e, portanto, que sejam mais caros.
Na Multimarcas Consórcios, o aumento do tíquete médio das cotas de veículos pesados foi de 13,23%, comparando-se ao mesmo período no ano passado. Isso ocorre porque normalmente a cota adquirida é relacionada ao valor do bem, o qual se quer adquirir.
Porém, é importante destacar que no consórcio não existe um vínculo entre o bem que se deseja comprar e o valor da cota, podendo usar várias cotas em conjunto para comprar um único bem.
Mundo Agro: Quais são os principais motivos apontados para o aumento do interesse em consórcios no agronegócio?
Patrick Leite Santos: Observa-se que o agronegócio está se tornando cada vez mais competitivo, com players cada vez mais robustos e sofisticados. Esse cenário tem despertado uma atenção cada vez maior para a eficiência nas operações financeiras do negócio, com gestão de caixa, de custo de capital e de comercialização.
E é aí que o consórcio ganha força. Ele tem muita sinergia com atividades que exigem planejamento de médio e longo prazo. Por exemplo, com um planejamento de troca de maquinário e frota via consórcio, o produtor consegue programar as substituições sem descapitalizar e sem pagar juros, o que é fundamental em um cenário de Selic acima de 2 dígitos.
Outro ponto importante que tem aumentado esse interesse é que no consórcio existem inúmeros grupos e planos, de forma a atender o cliente de maneira mais personalizada. A Multimarcas Consórcios, por exemplo, possui mais de 200 planos distintos para veículos pesados, com diversos valores de crédito, parcela, prazo e taxa de administração.
Mundo Agro: Como os consórcios se diferenciam dos financiamentos tradicionais?
Patrick Leite Santos: A diferença fundamental é o tempo de espera para aquisição do bem. No financiamento você o acessa imediatamente, já no consórcio pode ser no início, no meio ou no fim do prazo do grupo.
E é justamente essa característica que explica porque o consórcio é mais barato: ele não tem juros, que é o custo dessa antecipação.
Apesar disso, o consórcio possui mecanismos para antecipação da contemplação, como o uso de Lance. Então, o consórcio tem essa flexibilidade para negócios que possuem um planejamento de médio e longo prazo, que podem aumentar a eficiência financeira.
Mundo Agro: Como o crescimento da logística influencia a demanda por veículos pesados no agronegócio?
Patrick Leite Santos: O Brasil é um país continental, em que a produção ocorre a longas distâncias de onde ela é consumida. Isso significa, que na cadeia produtiva do agronegócio, a logística é parte fundamental e influencia diretamente no custo final e na qualidade do produto.
Nesse sentido, a busca por veículos mais novos, com mais tecnologia, segurança e eficiência é uma estratégia que tem sido adotada e reflete diretamente no aumento da demanda por veículos pesados observado.
Para acompanhar essa característica, a Multimarcas Consórcios tem como estratégia, além de possuir planos específicos para esse público, estar presente em todos os Estados do território nacional.
Mundo Agro: Quais as vantagens: o consórcio é realmente uma alternativa mais segura do que os financiamentos?
Patrick Leite Santos: Podemos citar três vantagens principais do consórcio: 1) ele não tem juros; 2) a parcela é mais baixa, e; 3) o custo efetivo total (CET) no fim é menor.
Falando sobre segurança, ambos os produtos são seguros, se forem feitos com instituições sérias e regularizadas. O consórcio, por exemplo, é regulado pelo Banco Central do Brasil (BACEN), assim como pelos bancos e demais instituições financeiras. Então, estamos falando de segmentos altamente fiscalizados e seguros.
Para garantir a segurança da operação, é importante que o cliente verifique se a Administradora de Consórcios que ele está consultando é autorizada a funcionar pelo BACEN.