Uma das maiores inovações da ciência moderna, a nanotecnologia tem proporcionado avanços cada vez mais significativos na indústria de tecidos, na medicina, na eletrônica, no meio ambiente e nas indústrias de alimentos e de cosméticos, entre outras. Com sua infinidade de aplicações e usos e dimensões tão pequenas, praticamente invisíveis a olho nu, os nanomateriais são sinônimo de revolução em tecnologia.
Imagine a manipulação da matéria em escala nanoscópica, no nível dos átomos e moléculas, onde tudo é pequeno, mas cujos resultados são gigantescos. E mais: o resultado dessa minúscula combinação no desenvolvimento de materiais, produtos e processos novos para aplicação em diversas áreas de pesquisa e do cotidiano?
No Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), esse é o cotidiano de estudantes e pesquisadores do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno da Universidade Federal de Minas Gerais (CTNano/UFMG), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) de Materiais Avançados e Nanotecnologia. Em uma área de mais de 3.000 m², o prédio comporta mais de dez laboratórios que dão suporte às pesquisas aplicadas e às demandas da indústria, o que inclui desenvolvimentos em escala piloto de produção.
Completando 15 anos de atividades em dezembro deste ano, com a realização de um seminário reunindo especialistas e estudiosos durante dois dias em sua sede para marcar a data, o CTNano/UFMG conta com laboratórios de nanotubos de carbono, grafeno, cerâmicos e cimento, química e polímeros e saúde, meio ambiente e segurança, entre outros, que permitem a realização de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação e a prestação de análises externas em nanomateriais, compósitos e produtos diversos.
Na prática, transforma conhecimento de laboratório em soluções que chegam ao mercado. Inovação tecnológica aplicada, aceleração de produtos e processos, formação de mão de obra qualificada, disponibilização de infraestrutura de ponta, transferência de tecnologia e competitividade industrial.
“Esses 15 anos são um marco de uma trajetória na ciência, inovação e no impacto para a sociedade e para a indústria brasileira. Desde sua fundação, o centro se consolidou como referência nacional em nanotubos de carbono, grafeno e outros nanomateriais, unindo excelência acadêmica à capacidade de transformar conhecimento em soluções reais”, afirma o professor titular de Física da UFMG e coordenador do centro, Rodrigo Gribel Lacerda.
Entre os principais projetos do CTNano/UFMG, destacam-se a produção em larga escala de nanotubos de carbono, óxido de grafeno e grafeno reduzido; o desenvolvimento de nanossensores de gases altamente sensíveis; nanocompósitos poliméricos aplicados à mineração, com grande aumento de durabilidade; membranas de osmose reversa recobertas com grafeno; materiais cimentícios avançados com diversas patentes; soluções para recuperação avançada de petróleo em poços maduros; revestimentos anticorrosivos para metais; plataforma de diagnóstico rápido (BioSearch), entre outros. Além disso, iniciativas de economia circular, como o uso de garrafas PET pós-consumo para gerar nanomateriais, têm uma de suas promissoras aplicações na recuperação de solos desertificados.
Essas ações consolidaram o CTNano/UFMG como referência nacional na aplicação de nanomateriais em desafios industriais reais, combinando ciência, inovação e impacto econômico. “Mais do que um centro de pesquisa, a instituição tornou-se um ambiente de formação, colaboração e inovação aberta, formando profissionais que hoje atuam em todo o País e no exterior, conectando universidade e indústria e ampliando a presença de Minas e do Brasil no cenário internacional da nanotecnologia”, reitera a professora de Química da UFMG e vice-coordenadora do centro, Glaura Goulart Silva.