O Rio Grande do Sul é a prova de que dá para ser tradicional e disruptivo. O estado foi o primeiro, das 27 unidades da federação, a receber a Jornada Nacional de Inovação, evento itinerante do movimento Juntos pela Industria, que reúne a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
– Confira: Jornada Nacional de Inovação na Região Sul
Na quinta-feira (2), em Florianópolis, acontece o encontro regional Sul da Jornada, que vai reunir os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná para apresentar os principais desafios, propostas e cases mapeados durante os encontros estaduais. E, para cada um deles, a Agência de Notícias da Indústria vai publicar uma matéria contando um pouco mais sobre as empresas e as inovações daquele estado.
Então vamos conhecer mais sobre o Rio Grande do Sul. Ao passar por quatro polos industriais – São Leopoldo, Porto Alegre, Caxias do Sul e Passo Fundo -, a Jornada conseguiu traçar a cara da inovação gaúcha. E, te adianto, ela é madura e moderna, como uma combinação de um senhor de 65 anos de bombacha e chimarrão com uma jovem antenada nos desafios tecnológicos globais.
O estado, que é sede da única subsidiária na América Latina de uma multinacional alemã quase centenária de fabricação de equipamentos também tem deep techs que deslancharam recentemente com produtos disputados no mercado internacional, como chips e semicondutores.
Inovação: o segredo da longevidade e da escalabilidade
A face sexagenária da inovação gaúcha se faz presente não só na alemã Volgsgang, que hoje também produz soluções para produção de biogás a partir de biomassa, mas também nas nacionalíssimas Marcopolo, com seus ônibus híbridos, a Master Power, de turbos para veículos e máquinas, e a Fockink, com equipamentos agrícolas e de geração fotovoltaica. Todas mostram que o segredo da longevidade está na inovação.
A outra face da inovação gaúcha vem de empresas com menos estrada, mas com modelos de negócio e produtos inéditos no mercado. Fruto de cooperação com uma empresa da Coreia do Sul, a HT Micron nasceu em 2009 para colocar o Brasil em um seleto grupo de nações produtoras de semicondutores.
Já a Bluenano criou a Superpartícula Z, que como o próprio nome sugere, é uma tecnologia que permite manipular 99 elementos da tabela periódica, gerando novas soluções para diferentes áreas. Outra que também é referência nacional em nanotecnologia é a D-block, que desenvolveu um plástico capaz de matar vírus e bactérias a partir de partículas mil vezes menores que um fio de cabelo.
Outro exemplo, mas na área de transporte e mobilidade, é a startup Arrow Mobility, que criou a primeira van elétrica nacional, o Arrow ONE, projetada para entregas urbanas e que hoje tem, entre seus clientes, gigantes como Mercado Livre e Amazon.
Conheça empresas e inovações gaúchas que foram destaque na Jornada
Porto Alegre
Bluenano
A holding, focada em nanotecnologia, desenvolveu a “Superpartícula Z”, um material totalmente novo, inexistente na natureza, produzido de forma sustentável por um processo de “enriquecimento físico” que combina até 99 elementos em nível atômico. A tecnologia aumenta a performance de baterias e catalisadores para múltiplos setores industriais (automotivo, agroindustrial, farmacêutico, saneamento básico, energias renováveis).
Ensílica
Fundada em 2001 e com sede na Inglaterra, a empresa é líder mundial no fornecimento de Circuitos Integrados (CIs), os famosos (e muito demandados) chips. No Brasil, a fabricante se especializou em semicondutores para setores críticos como automotivo, telecomunicações e saúde, desenvolvendo chips complexos do começo ao fim.
Regenera
Líder em biotecnologia marinha, a empresa explora a biodiversidade química brasileira de origem marinha, chamada de “Amazônia Azul”, para o desenvolvimento de novas moléculas e enzimas com diversas aplicações industriais e biomédicas. Possuem uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento, o Banco Regenera, para prospecção de moléculas e microrganismos com atividades biológicas distintas e inovadoras a fim de atender os diferentes setores da economia.
São Leopoldo
HT Micron Semicondutores
Caso único na cadeia de semicondutores no Brasil, a empresa produz circuitos integrados, uma competência globalmente rara. Focada em circuitos de memória e componentes para a Internet das Coisas (IoT), tem parcerias globais, públicas e privadas. Como possuem autorização do governo dos Estados Unidos para encapsular chips avançados, são um player pioneiro e estratégico no cenário nacional.
Higra
Desenvolve tecnologias – bombas, turbogeradores, aeradores e misturadores – para tornar o ciclo da água sustentável e eficiente nos setores de captação de água, irrigação, saneamento, usinas, mineração e indústrias. Com mais de 45 anos de experiência, a empresa tem mais de 9 mil equipamentos em operação em 14 países.
Vogelsang
A Vogelsang começou com a fabricação de equipamentos em 1929 na Alemanha; se especializou em máquinas para as áreas de tecnologia agrícola, biogás, indústria, transporte e águas residuais; e hoje é líder em bombeamento, redução de sólidos, alimentação de biodigestores e distribuição de biofertilizantes. Produz soluções para produção de biogás a partir de biomassa, como lodo de esgoto e outros resíduos orgânicos.
Construct in
Com sua plataforma integrada a câmeras 360, drones e Building Information Modeling (BIM) 3D e 4D para captura de imagens e monitoramento de obras, a Construct in acompanha cerca de 8 mil projetos de construção civil em mais de 10 países. A empresa nasceu em São Leopoldo e hoje tem escritório em São Paulo e Vitória.
Globus Eletronics
Líder em controladores para veículos de grande porte e soluções inteligentes para o mercado automotivo B2B, a Globus tem uma base de mais de 2,2 mil clientes em 45 países, sendo a América do Norte seu principal mercado. Suas tecnologias tem aplicações para veículos comerciais, aeronaves, barcos, vans, ônibus, caminhões, motorhomes, trens, ambulâncias, veículos de resgate, militar e máquinas agrícolas e de construção.
Caxias do Sul
Master Power
Da cidade de São Marcos, de pouco mais de 20 mil habitantes, a Master Power tem um complexo tecnológico de 16 mil m² de instalações, onde fabrica turbos para equipar linha leve, pickups/SUVs, utilitários/vans, caminhões, ônibus e embarcações e outras máquinas do setor agrícola e de construção de mais de 50 países.
Nora Biotecnologia
Startup deep tech que desenvolve bioplásticos para embalagens a partir de recursos naturais e resíduos agroindustriais.
D-block Nanotecnologia
Desenvolvimento customizado de soluções tecnológicas baseadas em nanomateriais, tanto na quantidade quanto no tamanho e morfologia das partículas. A empresa domina a produção de nanopartículas de óxido de cobre II (NPs-CuO) para serem usadas em polímeros com propriedades bactericidas e virucidas para aplicações em diversos setores, como catalisadores industriais, dispositivos de detecção química, medicina, desinfecção, cosméticos e microeletrônica.
Arrow Mobility
Fabrica o Arrow ONE, a primeira van 100% elétrica projetada e fabricada no Brasil para entregas urbanas. Além de conectividade embarcada e inteligência artificial que monitora o desempenho, rotas e a saúde da bateria; a van tem porta lateral com acionamento elétrico e possibilita ao motorista acessar a carga diretamente da cabine, que tornam o veículo duas vezes mais produtivo que modelos tradicionais e tem custo de rodagem quatro vezes menor, comparado a vans a diesel ou gasolina, além de custo de manutenção menor.
Marcopolo
Uma das primeiras indústrias no Brasil a fabricar carrocerias de ônibus, a Marcopolo se consolidou, em 76 anos, como referência em desenvolvimento de soluções para transporte coletivo. Criou o primeiro ônibus para sistema BRT e o primeiro ônibus rodoviário intermunicipal articulado do Brasil ainda na década de 1970; o primeiro ônibus de dois andares e o primeiro micro-ônibus híbrido a etanol do Brasil, que combina um motor a etanol como gerador de energia para um motor elétrico.
Passo Fundo
Saur
Empresa que começou em 1926 como uma oficina de reparos se tornou uma das maiores fornecedoras da América Latina de soluções logísticas de cargas e materiais nos segmentos agrícola, industrial e florestal.
Fockink
Com mais de 700 funcionários e 78 anos de história, a Fockink foi pioneira nas inovações para o campo. A empresa, que começou com a digitalização de produtos e sistemas agrícolas, como coletores de grãos inteligentes e pivôs de irrigação conectados, hoje tem um amplo portfólio que abrange geração fotovoltaica, sistemas de termometria e aeração, biogás, subestações, painéis elétricos e de automação, instalações eletromecânicas e painéis e caixas metálicas vazias.