A Usiminas reforçou nesta quinta-feira (11) seu alerta sobre o impacto da desaceleração da economia chinesa e do excesso global de oferta de aço sobre o mercado brasileiro. Durante a reunião pública anual da companhia, o vice-presidente de finanças, Thiago Rodrigues, afirmou que a mudança no ritmo de crescimento da China, em torno de 5%, está no centro do desequilíbrio que afeta as siderúrgicas em todo o mundo.
Rodrigues destacou que a queda da demanda chinesa gerou um volume expressivo de produção excedente.
“São 500 milhões de toneladas produzidas em excesso que não serão absorvidas internamente. (…) Além disso, a demanda chinesa por aço vem caindo, o que significa que essa sobra é enviada a outras regiões”, disse o executivo.
Para a Usiminas, o principal problema não é apenas o volume excedente, mas o fato de parte desse aço estar sendo exportada abaixo do preço de custo, prática que afeta diretamente a competitividade de produtores locais.
Medidas comerciais de proteção
Segundo Rodrigues, esse movimento tem provocado uma reação global. “Países do mundo inteiro têm usado medidas de defesa comercial para se proteger.” Ele citou tarifas, cotas e investigações antidumping como instrumentos cada vez mais comuns diante da pressão exercida pelas exportações chinesas.
A preocupação da empresa encontra eco nas recentes decisões do governo brasileiro. O país renovou até 2026 o sistema de cotas para importação de aço, mantendo a tarifa extra de 25% para volumes que excederem os limites estabelecidos. Paralelamente, o Ministério do Desenvolvimento abriu uma investigação antidumping sobre 25 produtos chineses, atendendo às demandas de siderúrgicas como a Usiminas por mais proteção.
Essas medidas, segundo fontes do setor, podem ajudar a reduzir a pressão competitiva no curto prazo, embora não resolvam o problema estrutural da oferta global excessiva. O avanço das barreiras comerciais, no entanto, exige cuidado do governo brasileiro. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, enquanto os Estados Unidos — que criticam o modelo industrial chinês — mantém tarifas elevadas sobre o aço brasileiro, restringindo um mercado importante para produtores nacionais.