Apesar de ter como principal atividade econômica o setor de serviços, a capital do Brasil conta com uma indústria jovem e inovadora. Da construção civil às áreas de alimentos, farmoquímico e agrícola, o setor produtivo do Distrito Federal (DF) soube aproveitar as vantagens de estar no centro do país, geográfica e administrativamente.
A Jornada Nacional de Inovação da Indústria, evento itinerante do movimento Juntos pela Indústria, que reúne a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), está percorrendo todo o país para traçar desafios, propostas e inovações de cada estado.
Na quinta-feira (30), em Goiânia, acontece o segundo encontro regional da Jornada, do Centro-Oeste, que vai reunir Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para cada Unidade da Federação, a Agência de Notícias da Indústria está publicando uma matéria para contar um pouco mais sobre o ecossistema do estado. Já trouxemos um panorama sobre RS, SC, PR e GO; e agora é a hora de conhecer o DF.
Referência em diagnóstico e medicamentos genéricos
Brasília não tinha nem 25 anos quando quatro pessoas, incluindo as duas sócias, começaram as atividades de um laboratório de análises clínicas que se tornaria uma das maiores redes de diagnóstico do país. Em quatro décadas, o Sabin deu um salto: chegou a outros 15 estados com mais de 350 unidades e 7 milhões de clientes por ano.
O segredo? Investir em inovação, tanto com pesquisas técnico-científicas como em programas de inovação corporativa, open innovation e corporate venture capital.
A equipe cresceu, ganhou médicos, bioquímicos e biomédicos especialistas na área genômica, e foi pioneira ao incluir a detecção do citomegalovírus, uma doença infecciosa, e da Atrofia Muscular Espinhal (AME) no teste genético da bochechinha. Além disso, lançou o exame que, com uma só amostra, detecta dengue, zika e Chikungunya.
Em outra frente, o grupo tem o SkyHub.Bio, hub de inovação para promover startups, e é um dos fundadores do Kortex Ventures, um fundo de venture capital para transformar a saúde por meio da tecnologia.
Também na área de farmoquímica, o DF tem uma das três unidades produtivas do maior laboratório farmacêutico do Brasil, a EMS. A empresa – que, em 60 anos de trajetória, chegou a 56 países – foi a primeira a produzir medicamentos genéricos no país.
Hoje investe cerca de 6% do faturamento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), tem um dos maiores números de estudos clínicos do país e aproximadamente 100 patentes concedidas ou em análise no Brasil e no mundo.
Do agro à construção civil
Fruto de uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Embrapa, a brasiliense Krilltech nasceu com o objetivo de transformar a agricultura. A startup, fundada em 2015, tem forte atuação internacional, com parcerias em mercados-chave como a União Europeia, Estados Unidos, Colômbia e Austrália.
Suas tecnologias patenteadas já chegaram a 30 mil hectares de área plantada de 23 culturas diferentes, com 210 clientes atendidos. Os resultados são aumento de produtividade de 70% na cultura do morango, 33% do feijão, 26% a 40% do tomate, 33% do algodão, entre outros.
Outra que buscou aumento de produtividade, mas na construção civil – segmento pujante no “quadradinho” – foi a BubbleDeck Brasil. A empresa utiliza um método dinamarquês para tornar as obras mais rápidas, sustentáveis e seguras: colocar esferas no concreto.
Estima-se que 1 kg de plástico das esferas economiza cerca de 100 kg de concreto. Entre as obras já realizadas estão o Hospital Sírio Libanês, em Brasília, e o Edifício Garagem do Galeão, no Rio de Janeiro.
Apesar de ter nascido em São Paulo, a Votorantim trouxe duas unidades para o DF. Com 13 mil funcionários, a empresa tem 35,4 milhões de toneladas de cimento vendidas e várias ações que combinam tecnologia e sustentabilidade, como reutilização de resíduos industriais, urbanos (como pneus) e biomassa como combustível nos fornos de cimento; uso de materiais reaproveitados, como escórias e cinzas de outras indústrias, para substituir o clínquer (componente do cimento com alta emissão de CO₂); e uso de fontes de energia renováveis.
Outras indústrias expoentes do DF são a FAAC Technologies, que integra o grupo multinacional reconhecido pelos produtos de automação e controle de acesso residencial, comercial e industrial, como cancelas de estacionamento e portas e portões automáticos.
E não poderia faltar um representante das micro e pequenas empresas, a Confeitaria da Torre, única indústria brasiliense com um selo de qualificação que a habilita a exportar seus produtos para o mundo todo.