Diversificação da matriz logística ajudará a reduzir o Custo Brasil

Imagem da notícia

O Brasil ainda precisa avançar na regulamentação da política de transporte marítimo entre portos nacionais para capturar ganhos logísticos estimados em R$ 27,7 bilhões até 2035 e reduzir as emissões do setor de transporte, um dos mais intensivos em carbono da economia.

Segundo nova nota técnica do Observatório do Custo Brasil, o aprimoramento do programa BR do Mar, que incentiva o transporte de cargas por navios, é fundamental para diversificar a matriz logística, reduzir custos e tornar o sistema mais sustentável.

Hoje, mais de 70% das cargas do país dependem de caminhões, o que encarece o frete, aumenta as emissões e gera custos anuais de R$ 226 bilhões, conforme o levantamento elaborado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e com apoio técnico da Fundação Getulio Vargas (FGV).

De acordo com o estudo, o Decreto nº 12.555/2025, que regulamenta o BR do Mar, ainda deixou lacunas regulatórias, como regras sobre contratos de longo prazo, critérios de sustentabilidade das embarcações e autorização de novas operações. Essas definições são decisivas para estimular investimentos privados e garantir a previsibilidade ao setor, permitindo que o país aproveite plenamente o potencial do transporte marítimo interno – alternativa mais eficiente e menos poluente para longas distâncias.

“O decreto é um passo importante, mas falta segurança regulatória para transformar esse potencial em ganhos reais. Sem clareza nas regras, o país corre o risco de continuar preso a um modelo caro, congestionado e de alto impacto ambiental”, afirma Rogério Caiuby, conselheiro executivo do MBC.

A análise econômica do Observatório considerou três cenários de impacto até 2035, todos prevendo um aumento de 15% na carga transportada por cabotagem. No cenário mais otimista, com redução de 60% no custo da cabotagem, o impacto na diminuição do custo logístico seria de R$ 27,7 bilhões. Reduções de 20% e 15% nos custos gerariam R$ 21,8 bilhões e R$ 19 bilhões, respectivamente. As projeções seguem a metodologia do Plano Nacional de Logística (PNL 2035) e consideram o efeito combinado de menores custos operacionais e maior integração entre modais.

“Ampliar o uso do transporte marítimo não traz apenas ganhos econômicos e ambientais, mas também movimenta o desenvolvimento regional. Cada porto mais ativo é um polo de integração e crescimento, que estimula cadeias produtivas locais e amplia oportunidades nas regiões costeiras”, explica Caiuby.

Conforme o Observatório, a eficiência logística depende da complementaridade entre os modais: o ferroviário é mais competitivo em longas distâncias; o marítimo se destaca nas rotas litorâneas; e o rodoviário continua indispensável para transportes regionais. Essa integração reduz custos, emissões e tempo de deslocamento, tornando o sistema logístico mais equilibrado, confiável e sustentável.

Países da OCDE, que equilibram melhor o uso dos modais, reduzem seus custos logísticos em até 20%.

“O frete caro afeta toda a economia, do agricultor ao consumidor. Se o transporte é ineficiente, o produto demora mais, custa mais e o país perde competitividade. Modernizar a logística é garantir que o que sai do campo ou da indústria chegue mais rápido, barato e com menos poluição”, complementa Caiuby.

DIVERSIFICAÇÃO

Entre as seis iniciativas acompanhadas pelo Observatório, a diversificação da matriz logística é a que possui maior potencial de redução do Custo Brasil, com economia estimada em R$ 224,76 bilhões até 2035. O PNL projeta uma matriz mais equilibrada – com 55% rodovias, 34% ferrovias e 11% cabotagem – capaz de reduzir em até 12,9% o custo por tonelada transportada e diminuir as emissões de gases de efeito estufa.

A consolidação de políticas públicas estruturantes, como o Marco Legal das Ferrovias e o BR do Mar, é essencial para que esse potencial se concretize, abrindo espaço para investimentos privados, infraestrutura moderna e monitoramento contínuo de indicadores logísticos e ambientais.

Custo Brasil – O Custo Brasil representa o conjunto de entraves estruturais, burocráticos e financeiros que tornam mais caro produzir, empregar e investir no país. O Observatório do Custo Brasil, disponível em custobrasil.org.br, acompanha as políticas públicas que têm impacto direto nesse custo e indicadores que ajudam a medir o potencial de redução. A agenda de Diversificação e Modernização da Matriz Logística é uma das seis prioridades da iniciativa, que juntas têm potencial de reduzir até R$ 530 bilhões do Custo Brasil até 2035.

Compartilhe esse artigo

Açogiga Indústrias Mecânicas

A AÇOGIGA é referência no setor metalmecânico, reconhecida por sua estrutura robusta e pela versatilidade de suas operações.
Últimas Notícias