
O trecho de 80 quilômetros entre Santa Leopoldina, na Região Serrana do Espírito Santo, e Anchieta, no Litoral Sul, da futura estrada de ferro que vai ligar os portos do Estado capixaba e do Rio de Janeiro à malha ferroviária nacional não será mais executado pela Vale.
Na apresentação da carteira de projetos ferroviários para o próximo ano, a fase 1 da EF 118, que vai a leilão em junho de 2026, corresponde ao trecho entre Santa Leopoldina e São João da Barra, no Rio de Janeiro, onde fica o Porto de Açu, com cerca de 250 quilômetros.
A fase 2, seguindo pelo Rio de Janeiro até Nova Iguaçu, será feita a partir de investimento adicional. Considerando as duas fases de implementação da EF 118, serão mais de 500 quilômetros de ferrovia, conectando o Espírito Santo ao estado carioca.
Ao longo de 2025, a divisão dos trechos do projeto, também chamado de Arco Ferroviário Sudeste, sofreu alterações. No início do ano, o Ministério dos Transportes chegou a fechar um acordo com a Vale em que a mineradora seria responsável pela construção do trecho de 80 quilômetros entre Santa Leopoldina e Anchieta e mais 10 km de alça até o porto de Ubu.
Na prática, a ideia era que esse trecho também fosse operado pela Vale e integrado ao traçado da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Só o traçado a partir de Anchieta que iria a leilão.
Questionado pela reportagem de A Gazeta, o Ministério dos Transportes confirmou que a Vale não vai ser responsável pela implantação dos 80 quilômetros entre Anchieta e Santa Leopoldina.
“Essa execução caberá ao futuro concessionário da EF-118, que contará com o auxílio de investimentos para viabilizar as obras e garantir o avanço do empreendimento”, disse o ministério, em nota.
A expectativa é que entre esses investimentos citados pelo Ministério para viabilizar a construção da EF 118 estejam dentro dos R$ 4 bilhões vindos de renovações antecipadas de outros trechos ferroviários da MRS, Rumo Malha Paulista e também da Vale.
A construção do trecho de 250 km deve ser garantida a partir de repasses de R$ 4,1 bilhões feitos pela MRS Logística, Rumo Malha Paulista e Vale, que tiveram seus atuais contratos renovados antecipadamente
A decisão pela Vale construir o trecho ocorreu no âmbito da renovação antecipada das concessões da EFVM e da Estrada de Ferro Carajás (EFC). Mas, em agosto, a Vale e o governo federal não chegaram a um acordo sobre a alteração dos contratos das ferrovias, o que acabou interferindo no aporte previsto pela mineradora para construção do novo trecho.
A Vale inclusive, chegou a apresentar ao Instituto Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) o Relatório de Impacto Ambiental com informações sobre o projeto, que previa a construção de túnel em Viana, pontes ferroviárias e rodoviárias, viadutos, entre outras estruturas.