Em continuidade à estratégia de investir R$ 405 milhões até 2028 a fim de agregar automação, qualidade e eficiência, e trazer para dentro de casa a maior parte do processo produtivo – o que resultou na aquisição da Ibero, da Zurlo e da Sthall Master –, a Librelato agora prepara-se para incorporar a Metalblank, empresa de cortes de chapa de aço situada em Serra, ES.
Com aporte que gira em torno de R$ 5 milhões o plano é, a partir de outubro, estar mais próximo à ArcelorMittal, maior fornecedora de aço da companhia, e assim obter ganho logístico e reduzir os desembolsos com frete. Hoje é utilizado entreposto em Caxias do Sul, RS, como apoio. Com a aquisição também ficará mais fácil enviar a sucata à siderúrgica.
A informação foi dada pela CEO da Librelato, Simone Martins, em entrevista à Agência AutoData. Há seis meses no cargo, a executiva ingressou na companhia em 2018 como diretora administrativo-financeira, em sucessão a Roberto Lopes Júnior, que em setembro de 2024 sucedeu a José Carlos Sprícigo, hoje responsável pelas relações institucionais da Librepar.
“Trata-se de uma operação pequena, mas que tem o propósito de diminuir a sucata, que vendemos para a própria ArcelorMittal, e de internalizar processo que auxiliará tanto a Librelato quanto a Ibero [em Itaquaquecetuba, SP]. A partir do ano que vem estimamos ganho de eficiência de 1% no total do que compramos de aço durante o ano todo.”
Martins disse que esta deverá ser uma das últimas aquisições da Librepar, uma vez que já internalizou a fabricação do eixo e de peças para os implementos rodoviários: “Pode ser que haja um item ou outro, mas o que era de mais importante nós fizemos. Aquisições, agora, só se surgirem boas oportunidades. Não está no nosso radar fazer grandes investimentos na verticalização de autopeças”.
Ela citou que o foco neste momento está na unidade inaugurada em agosto em Guarulhos, SP, que consumiu R$ 10 milhões para realizar a montagem em CKD de implementos fabricados em Içara e Criciúma, SC, com o propósito de estar mais próximo aos clientes e também reduzir gastos logísticos e tempo de entrega.
Diante do aumento da demanda pelo segmento de carga fechada, motivada pelo varejo e e-commerce, principalmente o baú alumínio, que historicamente tinha participação de 8% e, no mês passado, disparou para 22%, este será um dos carros-chefes da unidade paulista, ao lado do sider. O espaço também fará as vezes de hub, e poderá armazenar produtos a pronta entrega para facilitar negócios no Estado e na Região Nordeste.
“A ideia agora é amadurecer todos esses investimentos até 2026. Os aportes previstos para o ano que vem serão injetados na continuidade da melhoria dos processos, em mais automação, qualidade e eficiência.”
Projeção para este ano é de queda de 20% no faturamento
Simone Martins tornou-se a número 1 da Librelato em momento de crise econômica, com a escalada da taxa de juros, em que, na carona da queda nos emplacamentos de caminhões, também encolheu a procura por implementos rodoviários. Em linha com o mercado a projeção é a de que o faturamento seja reduzido em 20% este ano: “Se antes vendíamos 12 mil implementos, agora ficaremos próximos de 10 mil”.
Ela ressaltou que a empresa acompanha o setor mesmo sem volume significativo de baú alumínio. E é aí que reside a aposta de ampliar a oferta deste produto, com o intuito de conquistar maior participação de mercado. “Se houvesse mais produto venderíamos mais”, assinalou, ao lembrar que produtos como basculante e graneleiro despencaram 40% por causa do agronegócio.
“Em 2026 o mercado não deverá crescer. Mas graneleiro e basculante não ficarão dois anos estagnados, deverão subir gradativamente. Talvez no segundo semestre e no ano que vem vejamos movimento diferente.”
Fatia de mercado de 20% ficará para 2030
Enquanto isso os planos de elevar a fatia de mercado de 12% para 15% no fim do ano terão de esperar mais um pouco para se concretizar. Assim como os de crescer cinquenta anos em cinco, para faturar R$ 6 bilhões, com 20% de participação.
“Falávamos em 2028. Dadas as dificuldades de mercado podemos considerar 2030. Minha bandeira é que tenhamos uma marca admirada pelos clientes e funcionários. Além de todo este processo de integração, que não foi fácil, e não está no fim, temos o desafio de voltar a crescer.”
Hoje a Librelato é a terceira maior fabricante de implementos rodoviários, atrás de Randon e Facchini. Martins afirmou não ter a ambição de ocupar o segundo lugar: o que busca é manter a posição no pódio: “Eles têm, cada um, de 20% a 25% do mercado. Almejar 20% e manter o terceiro lugar acho que é algo possível.”
Dos principais valores da empresa familiar de 56 anos com gestão profissionalizada desde 2011, quando houve a participação do fundo CRP como sócio, que saiu em 2021, a executiva ressalta a ousadia e, ao mesmo tempo, a simplicidade:
“Temos preservado raízes tradicionais mesmo sendo um empresa moderna, mas com características mais humanas. E é preciso continuar crescendo para alcançarmos o plano de que a companhia seja centenária”.