Empresas de petróleo e gás debatem estratégias de investimentos

A J. Safra Investment Conference 2025, realizada nos dias 16 e 17 de setembro, reuniu os principais players dos setores de óleo & gás e açúcar & etanol. Após discussões em painéis e reuniões com empresas e investidores, os especialistas do Safra prepararam um resumo dos principais temas abordados nas reuniões com cada empresa.

Petrobras

Os principais temas discutidos com a Petrobras (PETR4) foram as perspectivas de capex, oportunidades no mercado de GLP e o contrato de marca com a Vibra (VBBR3). A Petrobras está atualmente trabalhando em seu novo plano de capex de cinco anos com o objetivo de aumentar a resiliência em cenários de preços mais baixos do petróleo, reduzindo o preço de equilíbrio do fluxo de caixa. A estratégia foca em manter robustez caso o preço do Brent permaneça em níveis deprimidos, preservando tanto a política de dividendos da companhia quanto o teto de endividamento. Essa resiliência deve ser alcançada por meio de uma combinação de racionalização de capex, aumento da produção e redução das despesas SG&A.

O Safra avalia que nenhum ativo deve ser vendido no curto prazo. A racionalização do capex é prevista para 2026, embora haja mais flexibilidade nos anos seguintes: dos US$19,6 bilhões de gastos previstos para 2026 no último plano estratégico, aproximadamente 20% permanecem não comprometidos. Essa parcela não alocada dá à empresa flexibilidade para adiar gastos, se necessário. Cancelar projetos não parece ser a ideia da companhia, na visão dos especialistas do Safra, mas alguns estão sendo revisados para possíveis reduções de custo, enquanto os desembolsos de outros podem ser diluídos ao longo de um período maior, embora o impacto sobre a produção futura esperada também deva ser considerado.

Quanto à possível entrada da empresa no mercado de GLP, os analistas avaliam que isso não deve ocorrer no curto prazo, mas pode ser incluído no escopo do próximo plano quinquenal. Quanto ao contrato de marca com a Vibra, a empresa parece disposta a mantê-lo até sua expiração.

Raízen

Nas reuniões com a Raízen (RAIZ4), as discussões se concentraram no processo de turnaround da companhia, com ênfase na otimização do portfólio, que ainda oferece oportunidades de avanço. Dentro da unidade de negócios de Açúcar, Etanol e Renováveis, ativos identificados para possível desinvestimento incluem usinas de cana menos eficientes, sem sinergia com o portfólio atual ou que demandam maior capex.

Das 25 usinas que a Raízen opera atualmente, o Safra acredita que outras três a cinco podem ser vendidas. Além disso, a operação na Argentina também já foi sinalizada anteriormente como candidata a desinvestimento. No entanto, o Safra avalia que qualquer transação envolvendo esses ativos dificilmente será concluída em 2025.

Como parte do esforço mais amplo de turnaround, a Raízen destacou um estreitamento estratégico de suas atividades de trading dentro do segmento de distribuição de combustíveis. O trading agora está focado apenas em complementar as necessidades de suprimento de combustíveis. A empresa reafirmou seu compromisso de entregar R$500 milhões em ganhos de eficiência, em linha com seu guidance.

Olhando à frente, os investimentos devem cair estruturalmente, impulsionados por um portfólio de usinas mais eficiente e pela conclusão das plantas restantes de E2G (etanol de segunda geração). A companhia mantém uma visão construtiva para a demanda por açúcar no médio e longo prazo, e a demanda por etanol tem sido favorecida nos últimos meses pelo aumento das exigências de mistura.

Braskem

As conversas com a Braskem (BRKM5) se concentraram principalmente nas perspectivas para o ciclo petroquímico, nas projeções para o terceiro trimestre de 2025 e no arcabouço tributário e regulatório no Brasil. A Braskem reconhece que está navegando em um ciclo altamente desafiador, com consultores projetando um cenário de meio de ciclo para o final da década — e sinais iniciais de que isso pode ocorrer antes estão relacionados a fechamentos de capacidade, principalmente na Ásia. Esses fechamentos podem trazer algum alívio, embora insuficiente para gerar uma recuperação de meio de ciclo nos próximos dois anos.

No curto prazo, as recentes medidas antidumping e a possível renovação do programa REIQ podem ser ventos favoráveis e são vistas pela empresa como medidas importantes para promover a concorrência justa no setor químico doméstico. Quanto ao terceiro trimestre de 2025, o Safra acredita que os resultados podem mostrar alguma melhora sequencial: no Brasil, as taxas de utilização devem ser menores devido à parada da planta do Rio de Janeiro, embora os volumes de vendas possam não ser impactados e o efeito negativo de estoque deva ser bem mais suave; nos EUA e na Europa, a utilização deve melhorar ligeiramente t/t, e não se espera mudança significativa no México, já que a unidade ainda estava parada em julho e a utilização deve atingir 90% em setembro.

São Martinho

As discussões com a São Martinho (SMTO3) focaram nas perspectivas para o setor de açúcar e etanol (A&E), prioridades de alocação de capital e expectativas para volumes de etanol de milho. A empresa reconheceu o ambiente desafiador enfrentado pelo setor de A&E, citando condições desfavoráveis como um real mais forte, juros altos, aumento de custos e a entrada em operação de novas plantas de etanol de milho.

A São Martinho observou que os preços atuais do açúcar não são atrativos o suficiente para compensar adequadamente os produtores. No lado da alocação de capital, a prioridade da São Martinho é expandir sua presença no etanol de milho, seguida por recompras de ações. A empresa não planeja alocar capital para projetos de etanol de cana. Na verdade, algumas usinas de cana podem ser reconfiguradas para produzir até 80% de açúcar, a um custo estimado de aproximadamente R$500 milhões.

Por fim, apesar das preocupações com uma possível sobreoferta de etanol devido à entrada de novas plantas, a São Martinho acredita que o aumento dos mandatos de mistura e a baixa penetração do etanol na frota flex podem ajudar o mercado a absorver os volumes adicionais.

Jalles Machado

Nas reuniões com a Jalles Machado (JALL3), as discussões se concentraram nas perspectivas de moagem para o próximo ano e na dinâmica de preços para açúcar e etanol. A Jalles concluiu recentemente uma série de investimentos em seus canaviais, visando aumentar a produtividade e expandir a área de colheita. Esses esforços sustentam a meta da empresa de atingir volumes moídos a/a mais altos, com produtividade das usinas acima de 95%. No entanto, essas projeções ainda dependem das condições climáticas, especialmente das chuvas na entressafra.

Em nota positiva, a safra pode se beneficiar da possível ocorrência do fenômeno La Niña. Diante da perspectiva favorável para os preços do etanol, a Jalles aumentou a participação do etanol em seu mix de produção e não pretende carregar estoques significativos para a entressafra.

Uma recuperação dos preços do açúcar pode ocorrer até o final da safra. Quanto às preocupações com uma possível sobreoferta de etanol devido à entrada de novas plantas de etanol de milho, a empresa acredita que esses volumes podem ser absorvidos pela frota flex ainda subpenetrada e potencialmente redirecionados para novos mercados.

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