Energia cara desafia indústria brasileira, mas automação e geração distribuída despontam como alavancas de competitividade

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A indústria brasileira responde por 31,8% do consumo de energia elétrica nacional, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O dado evidencia o peso estratégico do setor no desenvolvimento econômico, mas também escancara um dos principais desafios à sua competitividade: o alto custo da energia no Brasil, que figura entre os mais elevados do mundo.

Essa realidade tem impacto direto sobre as margens operacionais das empresas, reduzindo a capacidade de investimento e dificultando a inserção em mercados internacionais. Em um cenário de transição energética e pressão global por eficiência, o preço da eletricidade tornou-se fator determinante para a sobrevivência industrial, especialmente em segmentos intensivos em energia, como siderurgia, papel e celulose, metalurgia e química.

Diante desse contexto, as empresas buscam estratégias estruturais para reduzir custos e garantir sustentabilidade operacional. A tendência vai muito além da simples renegociação tarifária: automação, geração distribuída e digitalização estão redesenhando a forma como o setor industrial consome e gerencia energia.

Automação: eficiência e controle do consumo

A automação industrial tem se consolidado como uma das principais respostas à escalada dos custos elétricos. Ao integrar sensores, sistemas de controle e inteligência artificial aos processos produtivos, as indústrias conseguem otimizar o uso de energia, reduzir desperdícios e aumentar a produtividade sem ampliar o consumo.

Empresas que investem em automação avançada registram ganhos médios de 15% a 30% em eficiência energética, segundo estimativas do mercado. Essa transformação é impulsionada por tecnologias como Internet das Coisas (IoT), machine learning e sistemas supervisórios em nuvem, que permitem identificar gargalos e ajustar operações em tempo real.

Além de contribuir para a redução de custos, a automação se torna uma ferramenta estratégica para o cumprimento de metas de descarbonização e para o avanço da indústria 4.0, ampliando o acesso a financiamentos verdes e linhas de crédito com foco em sustentabilidade.

Geração distribuída: previsibilidade e independência energética

Outro vetor que vem ganhando força é a geração distribuída (GD), especialmente a partir de fontes renováveis como energia solar e biomassa. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil superou em 2025 a marca de 40 gigawatts (GW) de potência instalada em GD, resultado de um avanço expressivo da adoção por consumidores industriais.

Além de reduzir a dependência da rede elétrica convencional, a geração distribuída oferece previsibilidade orçamentária, fator crítico em um país onde o custo da energia sofre influência direta de bandeiras tarifárias, encargos setoriais e variações hidrológicas.

Para as indústrias, investir em geração própria significa proteger-se de oscilações de preço, reduzir custos operacionais e fortalecer compromissos ESG, ao alinhar o consumo de energia às metas de sustentabilidade.

Digitalização: energia como ativo estratégico

A digitalização dos sistemas de gestão de energia é o terceiro pilar dessa transformação. Por meio de plataformas inteligentes e análise de dados, as empresas passam a tratar o consumo energético como ativo estratégico, capaz de gerar valor, melhorar a performance operacional e direcionar decisões de investimento.

“A energia precisa ser encarada como parte central do planejamento estratégico da indústria. Quando o consumo é gerido de forma digitalizada e integrada, os ganhos impactam diretamente a produtividade, a previsibilidade de custos e até a abertura de novos mercados”, afirma Vinicius Dias, CEO do Grupo Setta.

A fala reflete um movimento crescente de empresas que enxergam a gestão energética digital como diferencial competitivo. A integração de dados permite prever demandas, ajustar operações de forma automática e identificar oportunidades de economia — transformando a energia em um vetor de inovação e resiliência empresarial.

Um novo paradigma para a indústria nacional

Nos últimos anos, a combinação entre automação, geração distribuída e digitalização formou um tripé estratégico para o futuro da indústria brasileira. Essa integração tem elevado padrões de eficiência, sustentabilidade e competitividade, tornando o setor mais preparado para enfrentar as pressões globais de custos e emissões.

“Não se trata apenas de cortar custos. Ao investir em automação e digitalização, a indústria brasileira amplia sua eficiência e ganha condições reais de competir em nível global”, conclui Dias.

A mensagem sintetiza o momento decisivo vivido pelo setor: enquanto o custo da energia continua sendo um obstáculo relevante, a adoção de tecnologias inteligentes e soluções descentralizadas abre caminho para uma nova era de produtividade energética.

Com o fortalecimento da agenda de eficiência e inovação, o Brasil tem a oportunidade de transformar um gargalo histórico em vantagem competitiva, impulsionando sua indústria rumo a um modelo mais sustentável, tecnológico e competitivo no cenário global.

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