Especialistas em logística sugerem que o reaproveitamento dos mais de 600 quilômetros de ferrovias abandonadas no Ceará pode ser a solução para implementar trens regionais de passageiros, interligando cidades distantes. Essa avaliação foi apresentada durante a Expolog – Feira Internacional de Logística, em Fortaleza.
A chamada malha não operacional da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) – que se estende por 3 mil km em cinco estados nordestinos – está abandonada há anos e tem sido alvo de análise por parte de empresas públicas e concessionárias.
A Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, está conduzindo 13 projetos de trens regionais de passageiros em todo o Brasil. No Ceará, já está em fase de estudo técnico a ligação entre Fortaleza e Sobral, que usaria um trecho da malha operacional da FTL, e um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) entre Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte, no Cariri.
Lilian Campos, superintendente da Infra S.A., explicou que há discussões para que trechos abandonados sejam convertidos para transporte de passageiros. “Em breve devemos ter boas notícias sobre o destino da malha não operacional,” disse. O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) para o trem Fortaleza-Sobral está orçado em R$ 2,3 milhões.
Fernanda Rezende, diretora-executiva da Confederação Nacional do Transporte (CNT), defende que a operação de trens é mais barata do que a aérea e impulsiona a economia dos polos regionais. Contudo, ela alerta que é preciso avaliar a demanda para garantir a sustentabilidade financeira do sistema e evitar que o dinheiro seja “jogado fora”. As especialistas concordam que o transporte rodoviário deve atuar como complementar às ferrovias, alimentando esses grandes eixos estruturantes.