Exportações em alta e programa Carro Sustentável aliviam a travagem nas vendas internas de veículos

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A indústria automobilística brasileira atravessa um 2025 de contrastes. No mercado interno, as vendas seguem contidas, afetadas por juros altos e crédito restrito. No entanto, as exportações dispararam e já garantem fôlego extra para o setor.

Entre janeiro e setembro, 430,8 mil veículos foram embarcados, volume 51,6% superior ao registrado em igual período do ano passado — número que já supera todo o total exportado em 2024, segundo dados da Anfavea.

O avanço reflete, principalmente, a retomada das compras da Argentina, que absorveu 252,5 mil unidades, crescimento expressivo de 130,6% em relação ao mesmo período de 2024. O país vizinho hoje responde por quase 60% de todos os embarques brasileiros. “Esse número nos surpreendeu positivamente e mostra a força da nossa indústria”, afirmou o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, durante balanço do setor.

Programa Carro Sustentável ameniza a queda no varejo

No mercado doméstico, a retração foi suavizada pela continuidade do programa Carro Sustentável, criado para incentivar a renovação da frota de automóveis nacionais com menor emissão de poluentes. O programa ajudou a reduzir o ritmo de queda das vendas no varejo, que, sem o incentivo, seria mais acentuado.

Segundo levantamento da Anfavea, as montadoras ainda enfrentam desafios como o crédito caro e a renda do consumidor comprimida, mas o programa tem mantido uma base mínima de demanda, especialmente entre os veículos compactos e de entrada.

“O incentivo foi essencial para preservar a produção e reduzir estoques. Ele trouxe compradores de volta às concessionárias e mostrou que políticas de estímulo bem calibradas fazem diferença”, avaliou Calvet.

México desacelera e Colômbia preocupa

Apesar do desempenho robusto das exportações, a Anfavea enxerga riscos à frente. O principal deles vem da Colômbia, terceiro maior destino dos veículos brasileiros, onde o acordo automotivo bilateral expirou em 30 de setembro sem renovação.

Desde 2017, o pacto permitia exportar até 50 mil veículos por ano com tarifa zero, mas, sem ele, os automóveis brasileiros passam a pagar 16,1% de imposto de importação, o que ameaça a competitividade do produto nacional frente a países como China, Coreia do Sul e Estados Unidos, que mantêm acordos em vigor com Bogotá.

A Anfavea ainda tenta manter o envio de 11 mil veículos com isenção — cotas remanescentes de anos anteriores — até o fim de 2026. “Há uma diferença de interpretação entre os governos, e seguimos negociando para evitar que o mercado colombiano se feche para o Brasil”, explicou Calvet.

Outro ponto de atenção é o México, segundo maior parceiro comercial do setor, que apresentou retração de 16,8% nos embarques, totalizando 58 mil unidades até setembro. O recuo é atribuído ao desaquecimento da economia mexicana, que vem reduzindo a demanda por veículos importados.

Balanço positivo e perspectivas

Mesmo com esses alertas, o saldo de 2025 é considerado amplamente positivo. Em setembro, as exportações somaram 52,5 mil veículos, crescimento de 26,2% em relação ao mesmo mês de 2024, embora 8% abaixo de agosto — uma oscilação esperada, segundo a Anfavea.

Em valores, as vendas externas renderam US$ 10,9 bilhões no acumulado do ano, aumento de 38,3% sobre o mesmo período anterior. “Mesmo após revisarmos para cima as projeções em agosto, o resultado ainda superou as expectativas”, afirmou Calvet.

Enquanto isso, as importações também cresceram, somando 355,7 mil veículos até setembro — alta de 10,4% em relação a 2024. A Argentina e a China seguem como principais origens, com 150,2 mil e 123,4 mil unidades, respectivamente.

Entre cautela e confiança

A combinação de exportações aquecidas e programas de estímulo internos sustenta uma visão cautelosamente otimista para o fim do ano. Ainda que o consumo interno se mantenha contido e alguns acordos comerciais precisem ser renegociados, o setor mostra resiliência e capacidade de adaptação.

“O Brasil volta a ter papel relevante nas exportações de veículos da região. Precisamos preservar esse espaço, enquanto trabalhamos para fortalecer o mercado doméstico”, concluiu Calvet.

Com os navios cheios e a produção equilibrada, a indústria automotiva brasileira segue firme na direção de um fechamento de ano melhor do que o esperado — impulsionada pelo motor das exportações e pela esperança de novos ventos no horizonte econômico.

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