Insumos fundamentais para todos os países, por seu papel estratégico no desenvolvimento industrial e econômico, a extração cada vez mais intensa dos recursos minerais pode levar à extinção de vários deles na natureza antes mesmo do final deste século.
É o que especialistas começam a alertar com cada vez mais veemência. De acordo com eles, se o ritmo de extração de algumas matérias-primas extraídas da natureza, hoje transformadas em insumos para veículos automotores, eletrodomésticos, máquinas e outros produtos, continuar desenfreada como está, alguns minérios, como o ouro, o estanho e o níquel, com base nas reservas existentes hoje, já têm até uma data estimada para a sua extinção.
O ouro, por exemplo, tipo de minério metálico de grande valor econômico e sentimental, e que tem ainda extensa utilização na indústria de transformação mais sofisticada, é o exemplo mais alarmante. Estimativas revelam que as reservas de ouro já estão se extinguindo.
Já o estanho, extraído a partir do minério cassiterita e tem seu uso difundido na construção de estátuas e medalhas, além de ser usado para revestir as latas de conservas e de óleo e na fabricação do cobre, pode ser um companheiro de desventura do ouro.
Apesar de sua grande relevância, especialmente para as indústrias, as estimativas são de que esse material também esteja se esgotando com assustadora rapidez.
“O cobre produzido a partir da natureza pode acabar já nos próximos 40 anos”, afirma o professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), do Rio Grande do Sul, Carlos Alberto Mendes Moraes.“Seria uma perda imensa, já que o cobre é um material que está presente em abundância no nosso dia a dia.”
O níquel é outro mineral ameaçado. Ele tem grande emprego no setor industrial, por ser bastante resistente a processos corrosivos. É usado na confecção de moedas e para revestimento de outros metais (por exemplo, é comum em torneiras de banheiro e cozinha). A data prevista para o fim das reservas de níquel no planeta é em torno de 2050.
Até o petróleo está ameaçado. Muitos cientistas afirmam que o insumo na natureza acabará por volta de 2070.
MINERAÇÃO URBANA
Para o professor Moraes, a saída está no reaproveitamento desses materiais oriundos da mineração urbana. Segundo ele, muito além da mineração tradicional, cresce o entendimento de que o futuro da extração de matérias-primas pode estar, também, nos resíduos descartados diariamente por empresas e consumidores.
“É nesse contexto que se consolida o conceito de garimpo urbano, ou mineração urbana, prática que busca recuperar materiais valiosos presentes em eletrônicos, coprodutos siderúrgicos e outros rejeitos”, ele explica.
A proposta é objetiva: reaproveitar o que já está em circulação, reduzindo a pressão sobre os recursos naturais e ampliando a eficiência da cadeia produtiva.
Esse processo de reciclagem já é especialmente comum com materiais como ouro, prata, cobre, platina, alumínio e aço. Segundo estimativas, só a reciclagem de resíduos eletrônicos para o reaproveitamento de materiais poderia render ao Brasil mais de R$ 4 bilhões por ano.