Falta ferrovia: presidente de uma das maiores cooperativas diz que país é ‘refém do rodoviarismo’

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No comando de uma das maiores cooperativas do Brasil, o empresário Neivor Canton desabafou sobre a falta de ferrovias no Sul. Ele preside a Cooperativa Central Aurora Alimentos (Aurora Coop), de Santa Catarina, que vendeu quase R$ 25 bilhões em 2024 e tem uma forte operação no Rio Grande do Sul. Buscar milho para as indústrias do Oeste Catarinense exige 150 mil viagens de caminhões que custam bilhões de reais por ano. Enquanto isso, a produção é escoada pelo modal até 50% mais caro. Canton falou ao podcast Nossa Economia, de GZH. Confira trechos abaixo e ouça o áudio na íntegra aqui.

Não estamos atrasados demais nas ferrovias?

Embora tardio, o movimento precisa iniciar. No Sul em especial, mas o Brasil inteiro é insensível com este problema sem saber a importância de uma rede ferroviária. As pessoas não se sensibilizam facilmente, inclusive e infelizmente as que deveriam ter um tino de planejamento para nossos Estados, que vão perdendo competitividade. Se é que um dia tiveram com esta infraestrutura.

O senhor falou “Só um alienado não percebe o risco que paira sobre o Grande Oeste catarinense.”…

Além da safra, tem suinocultura, avicultura, bovinocultura de leite, que se desenvolve aqui de forma extraordinária. É berço de produção intensa, que precisa ser escoada para os portos e para o mercado interno. Essa expressão é um desabafo, porque não percebemos que governos estejam preocupados com a sobrevivência, o crescimento e a geração de mais e melhores empregos. Não é um esforço que custa tanto, basta que se tenha visão para buscar soluções. Não são de curto prazo, temos consciência. Se a tivéssemos há algumas décadas, não teríamos abandonado os patrimônios das ferrovias construídas há séculos e relegadas. As atividades econômicas vão gradativamente se realocando para geografias diferentes ou encerrando negócios.

Disse ainda que o país é “refém do rodoviarismo”, que é usado apenas para trajetos até 500 quilômetros em países avançados economicamente. O argumento aqui é que ferrovia é cara. Mas não foi caro lá também?

Vemos no mundo o sistema ferroviário evoluindo, não parado como aqui. A cada ano, há novidades, investimentos, modernização e inovações nas ferrovias. Precisamos buscar, de fato, esse movimento, que iniciamos aqui pelo Oeste Catarinense, mas precisa integrar Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. No futuro, tem que contemplar o Brasil inteiro. Não há como fugir, as cargas precisam ser movimentadas por vias mais econômicas.

Desde que começou o movimento, houve efeito concreto?

O governo de Santa Catarina vem realizando um anteprojeto de uma linha que viria a ligar o extremo Oeste Catarinense ao Litoral, margeando a BR-282, que é a única rodovia que conecta oeste a leste. É a única iniciativa concreta. A classe política não tem se unido em torno de objetivos estratégicos. Há uma dispersão interesses para atender ao curral eleitoral.

Qual a atuação da Aurora Coop no Rio Grande do Sul?

Temos 8 mil funcionários diretos aí, além de diversas unidades fabris e de distribuição. Temos dois frigoríficos em Erechim, de aves e suínos. Temos uma unidade de processamento de suínos em Sarandi, duas de aves em Tapejara e distribuição para as regiões de Passo Fundo e Porto Alegre. E tem toda uma rede de produtores cooperados de suínos e de aves, além da bacia leiteira.

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