O Estado de São Paulo avança no projeto de uma nova ferrovia regional que promete ligar o litoral à região sul do estado, conectando o Porto de Santos ao município de Cajati, no Vale do Ribeira. A iniciativa, de caráter bilionário, é considerada estratégica tanto para a mobilidade quanto para o desenvolvimento econômico e ambiental do estado, e simboliza um movimento de retomada do transporte ferroviário de passageiros e cargas em uma das regiões mais carentes de infraestrutura sobre trilhos.
A linha deverá ter 223 quilômetros de extensão e 13 estações, passando por Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Itariri, Pedro de Toledo, Miracatu, Juquiá, Registro, Jacupiranga e Cajati. O projeto prevê o aproveitamento de trechos já existentes da malha ferroviária e a construção de novos segmentos para permitir a operação contínua entre as cidades.
A proposta contempla três modalidades de serviço: um trem expresso, ligando Santos a Cajati em aproximadamente 2 horas e 15 minutos, e dois trens paradores — um entre Santos e Peruíbe, com trajeto estimado em 48 minutos, e outro entre Peruíbe e Cajati, com cerca de 1 hora e 54 minutos de viagem.
A expectativa é que o empreendimento traga benefícios significativos de mobilidade e integração regional, oferecendo uma alternativa ao transporte rodoviário e reduzindo a dependência das estradas que ligam o litoral ao interior. O modal ferroviário deverá contribuir para diminuir congestionamentos, reduzir emissões de gases de efeito estufa e gerar desenvolvimento urbano e social ao longo do trajeto, sobretudo em municípios de menor porte do Vale do Ribeira.
Os estudos preliminares de viabilidade estão em andamento e incluem levantamentos topográficos e aerofotogramétricos. A partir de sua conclusão, o governo estadual deve iniciar o anteprojeto de engenharia, etapa que antecede a modelagem financeira e a definição do formato de parceria com o setor privado.
Entre os desafios estão o alto custo de implantação, estimado em dezenas de bilhões de reais, e a complexidade técnica da obra, que envolve a recuperação de trilhos abandonados e a construção de novas estruturas. A definição sobre o modelo de concessão ou parceria público-privada será determinante para viabilizar o cronograma e garantir a sustentabilidade financeira do projeto.
Além de melhorar o deslocamento de passageiros, a ferrovia é vista como um vetor de desenvolvimento logístico para o escoamento de cargas entre o interior paulista e o Porto de Santos, o maior da América Latina. Ao reaproximar o litoral do interior, o projeto busca consolidar uma nova rota de integração econômica e territorial, com impactos diretos na geração de empregos e na valorização das regiões atendidas.