
A FS (Fueling Sustainability), Raízen e Copersucar defenderam, em reuniões recentes com o governo federal, a redução da tarifa de importação sobre o etanol norte-americano. A proposta foi apresentada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e ao Ministério das Relações Exteriores.
Segundo informações enviadas ao Poder360, os representantes das empresas argumentaram que o corte na tarifa seria um gesto positivo nas negociações comerciais com os Estados Unidos, em especial diante da ameaça de sanções comerciais do tarifaço de Trump. Hoje, a taxa de importação do etanol é de 18%.
O Brasil impõe tarifas sobre o etanol importado dos Estados Unidos como medida de proteção da indústria nacional, baseada na produção de etanol de cana-de-açúcar.
A medida busca equilibrar a concorrência com o etanol norte-americano, feito a partir do milho, que entra no mercado brasileiro com preços mais baixos por causa de subsídios do governo norte-americano. Os EUA subsidiam seus produtores de milho, o que reduz artificialmente os preços.
FS, Raízen e Copersucar apresentaram uma análise técnica interna indicando que o etanol norte-americano não seria competitivo no Brasil e que possíveis impactos da redução tarifária atingiriam apenas usinas do Nordeste.
REAÇÃO
A sinalização causou reação em outras partes do setor sucroenergético, que veem a medida como uma concessão arriscada aos interesses norte-americanos. Entidades e empresários afirmam haver riscos de abrir o mercado interno ao etanol dos Estados Unidos, o que poderia:
reduzir a competitividade das usinas brasileiras, especialmente as localizadas em regiões com menor escala ou mais afastadas dos portos;
criar dependência externa no longo prazo;
enfraquecer o argumento de sustentabilidade do etanol nacional, feito a partir da cana-de-açúcar, com menor emissão de carbono em comparação ao etanol de milho norte-americano.
Representantes do setor relataram ao Poder360 que há o temor de que a medida possa comprometer a defesa do etanol brasileiro em foros internacionais e abrir espaço para pressões comerciais permanentes.
TARIFAÇO
A Seção 301 é uma ferramenta comercial dos Estados Unidos usada para investigar e aplicar sanções contra práticas que o governo norte-americano considera desleais. No passado, ela foi usada para justificar a aplicação de tarifas contra países como China, Brasil e Índia.
O temor das gigantes sucroenergéticas é que, sem gestos de boa vontade por parte do Brasil, os EUA possam limitar a entrada do etanol brasileiro em seu mercado –hoje considerado estratégico para as exportações do setor.
EMBATES RECENTES
A tarifa de importação sobre o etanol americano foi tema de embates recentes entre o setor produtivo e o governo. Durante o governo Bolsonaro, a alíquota foi zerada por um período, mas voltou a ser aplicada.
Este jornal digital procurou, por email, a FS, Raízen e Copersucar. Não houve resposta até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.