
A EBM Engenharia, construtora brasileira especializada em data centers, com sede em Barueri (SP), está se preparando para entrar nos mercados de Estados Unidos e Argentina.
Os EUA se tornaram o maior polo de data centers do mundo, com centenas de bilhões de dólares em investimentos contratados pelas big techs. Por outro lado, os fornecedores locais estão sobrecarregados para atender a essa demanda, o que abre espaço para novos entrantes, diz o sócio fundador da EBM, Eduardo Menossi.
“Eles têm necessidade de tudo, de obras a equipamentos, chega a ser desesperador”, diz Menossi. “Por isso, queremos dar um passo a mais e chegar aos EUA até 2027. É um mercado gigantesco, e nós acreditamos que podemos ficar com uma fatia”, vislumbra.
Já a Argentina corre por fora. O país acredita que pode se tornar um polo do setor devido à boa disponibilidade de terras e energia a um preço competitivo, combinado com benefícios fiscais. Neste momento, a EBM negocia para participar dos próximos investimentos por lá.
Empresa construiu 32 projetos em seis países
A EBM Engenharia já atua em seis países da América Latina – Brasil, México, Chile, Colômbia, Peru e Panamá – tendo construído 32 projetos ao longo de sua história. O negócio nasceu em 2010 como uma revendedora de sistemas de refrigeração e automatização para data centers, fruto da experiência do fundador após anos de trabalho em uma grande fornecedora japonesa do ramo, a Mitsubishi Electric.
Em 2012, veio o ‘clique’ de atuar também na parte das obras, pois faltavam construtoras especializadas por aqui na época. Então, Menossi se juntou aos outros dois sócios para configurar a EBM: Bruno Sereno e Sérgio Ribeiro. Hoje a empresa presta serviço de prospecção de terrenos, obra, infraestrutura e revenda de itens de refrigeração. Na metade de 2025, veio a primeira aquisição. A EBM comprou a Trusted Data, que faz implementação e a manutenção de soluções de Tecnologia da Informação (TI) para data centers. A lógica da transação foi diversificar as receitas.
Em todos os mercados, o prazo para entrega das obras está mais exíguo, por causa da corrida das big techs para atender o processamento de inteligência artificial (IA). “Hoje, o tempo de execução das obras caiu pela metade. O aumento da demanda criou uma pressão absurda”, diz Ribeiro.
À espera do Redata
Já no Brasil, o mercado pouco andou no último ano. A razão para isso foi a espera para a chegada do Redata, programa do governo federal que desonera as importações de equipamentos para data centers. A Medida Provisória foi publicada em setembro e agora precisa ser regulamentada. “O Redata será muito positivo, mas, por enquanto, gerou um efeito rebote: enquanto o texto final não sai, os investidores ficam em compasso de espera”, aponta Ribeiro. “Por aqui o mercado congelou. Se vai ser bom ou ruim, o mais importante agora é que o Redata saia”.
Também por essa razão, a EBM busca diversificar seus mercados de atuação, vislumbrando a entrada nos EUA e na Argentina. Já as notícias sobre uma possível bolha não são uma barreira para isso, segundo os sócios da construtora. A visão é que, a despeito de possíveis correções de exageros do mercado, a demanda por data centers para atender processamento e armazenamento de dados é grande, está crescendo, e ainda não foi totalmente atendida, o que irá exigir a continuidade dos investimentos no longo prazo.