
O desempenho da indústria brasileira de máquinas e equipamentos (M&E) em agosto de 2025 evidencia um cenário econômico desafiador, marcado por uma combinação de retração pontual e crescimento acumulado que, embora positivo, desacelera. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), o consumo aparente caiu 10,7% em relação a agosto de 2024 e 4,7% ante o mês anterior — uma retração de 14,8% quando ajustada sazonalmente.
Essa desaceleração não é isolada: a receita líquida total recuou 5,6% no comparativo anual, e a receita interna teve queda ainda mais expressiva, de 13,2%, refletindo os efeitos de uma política monetária contracionista.
Apesar do crescimento acumulado de 10,6% nas receitas do ano até agosto, os sinais de enfraquecimento são claros. A indústria vem perdendo ritmo mês a mês, evidenciando que o impulso inicial pode não ser suficiente para sustentar a trajetória ao longo do segundo semestre.
No comércio exterior, as exportações apresentaram alta de 33,6% em relação a agosto de 2024, com destaque para mercados da América do Sul — especialmente Argentina, Chile e Peru. Por outro lado, os Estados Unidos, que respondem por cerca de 26% das exportações do setor, reduziram suas compras em 7,5%, acentuando a vulnerabilidade do setor frente a oscilações externas.
“Quando os investimentos em máquinas e equipamentos recuam, não é apenas a indústria que desacelera — é o próprio motor do crescimento econômico nacional que começa a falhar.”
Além disso, o aumento das importações — que já representam 45,4% do consumo nacional — expõe uma fragilidade estrutural: a crescente dependência de máquinas fabricadas no exterior, em especial da China, que em 10 anos quase dobrou sua participação no mercado brasileiro.
Em meio a esse cenário, o mercado de trabalho ainda dá sinais de vitalidade: o número de empregados subiu 8,4% em relação a agosto de 2024, com 427 mil pessoas ocupadas no setor. Contudo, a redução da carteira de pedidos e a estabilidade da capacidade instalada (78,8%) colocam em dúvida a sustentabilidade dessa tendência positiva no emprego.
Setores específicos, como o de máquinas agrícolas, ilustram bem o paradoxo atual. Embora as vendas internas de tratores tenham crescido 23,1% no acumulado do ano, a receita líquida caiu 7,9% em agosto, acompanhada por uma retração de 8,2% nas exportações do segmento.
Em síntese, os dados de agosto de 2025, compilados pela ABIMAQ, revelam que a indústria de máquinas e equipamentos precisa de respostas urgentes.
Sem políticas públicas que incentivem a inovação, ampliem o crédito e reduzam a carga tributária, o setor corre o risco de ver seus ganhos evaporarem no curto prazo.