
A produção industrial brasileira mostrou resiliência em setembro de 2025, com leve variação negativa de 0,4% frente a agosto, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional divulgada nesta terça-feira (11) pelo IBGE. O resultado reflete um movimento de acomodação após ganhos recentes, mantendo o setor próximo ao nível pré-pandemia e apontando para uma trajetória de estabilidade com sinais de retomada em diversas regiões do país.
Mesmo com quedas pontuais em seis dos 15 locais pesquisados, estados como Amazonas (9,0%), Rio Grande do Sul (4,8%) e Espírito Santo (4,6%) registraram avanços expressivos, indicando vitalidade em segmentos-chave da indústria nacional.
“O resultado mostra uma acomodação natural após um período de crescimento, com destaque para o desempenho sólido de importantes polos produtivos regionais”, explicou o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
Destaques regionais
O Amazonas liderou os ganhos, impulsionado pelos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos, ópticos e bebidas — uma recuperação robusta após dois meses de ajustes. O avanço de 9,0% é o maior desde fevereiro de 2024 e reforça o dinamismo do Polo Industrial de Manaus.
No Sul, o Rio Grande do Sul registrou sua terceira alta consecutiva, acumulando 10,7% de crescimento no período, sustentado pelos segmentos de alimentos e máquinas e equipamentos. O resultado confirma a consolidação da retomada da produção industrial gaúcha ao longo do segundo semestre.
O Espírito Santo também apresentou desempenho notável, com alta de 4,6%, refletindo a força da indústria extrativa e de transformação local.
Movimentos de ajuste
Alguns estados, como Paraná (-6,9%), Bahia (-4,7%) e Rio de Janeiro (-4,3%), tiveram recuos pontuais, associados à reversão de ganhos de agosto. No caso paranaense, por exemplo, a queda veio após um forte avanço de 5,4% no mês anterior — uma oscilação que o IBGE classifica como natural no contexto de recomposição de estoques e ajustes produtivos.
Em São Paulo, principal polo industrial do país, a ligeira retração de 0,4% interrompeu dois meses de alta, mas o estado se mantém apenas 0,1% abaixo do nível pré-pandemia, o que sinaliza estabilidade e consolidação de sua base produtiva.
Crescimento em relação ao ano anterior
Na comparação com setembro de 2024, a indústria nacional avançou 2,0%, com 14 dos 18 locais pesquisados registrando expansão — evidenciando um movimento de recuperação mais disseminado. O mês contou ainda com um dia útil a mais, fator que também contribuiu para o resultado positivo.
Os maiores crescimentos vieram do Espírito Santo (19,2%), Rio Grande do Norte (19,0%) e Rio Grande do Sul (10,6%). No Espírito Santo, o bom desempenho foi puxado pela produção de petróleo, gás natural e minério de ferro. Já o Rio Grande do Norte destacou-se nos segmentos de confecção, biocombustíveis e alimentos, confirmando a diversificação industrial nordestina.
Perspectiva
Para o IBGE, os resultados de setembro apontam que a indústria brasileira segue em um processo de recuperação consistente, com ganhos em várias frentes regionais e com base produtiva mais diversificada.
“Os dados mostram que, mesmo diante de oscilações pontuais, há uma retomada gradual em curso, sustentada pela demanda interna e pela adaptação das empresas a um novo cenário econômico”, concluiu Almeida.