Indústria mineira vê avanço em conversa de Lula e Trump e aguarda proposta concreta

O Brasil pode ter um ganho de US$ 7,8 bilhões em exportações, caso as negociações entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e dos Estados Unidos, Donald Trump, avancem para pôr fim ao tarifaço. O cálculo foi feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Enquanto não há avanço nas tratativas entre os países, setores da economia mineira esperam uma solução e aguardam uma proposta concreta contra as alíquotas norte-americanas.

De acordo com a CNI, o valor foi calculado considerando os 1.908 produtos listados na Ordem Executiva sujeitos às tarifas norte-americanas. Segundo a entidade, a negociação pode possibilitar a isenção de US$ 7,8 bilhões em exportações brasileiras aos EUA.

“Para a indústria, é muito relevante esse avanço das tratativas. Desde o início, nós defendemos o diálogo, pautado pelo respeito e pela significância desta parceria bicentenária. Vamos acompanhar e contribuir com o que for possível”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) considerou a primeira conversa entre os presidentes um passo inicial importante para a retomada do diálogo entre os dois países. A Fiemg atestou que o tarifaço impõe um cenário de incertezas ao setor e avalia que a sinalização de um encontro presencial entre os líderes é importante e pode “resultar em tarifas mais justas e competitivas para as empresas brasileiras exportadoras”.

Na conversa por telefone, Trump e Lula concordaram com um encontro presencial que poderá ser realizado na Cúpula da Asean, na Malásia, em outubro, ou na COP30, em Belém (PA), em novembro. “É preciso aguardar os desdobramentos das negociações, uma vez que ainda não há qualquer proposta concreta para revisão das tarifas aplicadas há dois meses e que já afetam significativamente a pauta exportadora brasileira e mineira, especialmente de produtos manufaturados”, disse a Fiemg em nota.

Setor calçadista aguarda solução

Em meio às negociações entre Casa Branca e Palácio do Planalto, o setor calçadista mineiro diz que o tarifaço tem impactado diretamente as vendas. O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Rodrigo Amaral Martins, ressaltou que a atividade, em Minas, não tem um grande volume de exportações enviadas aos Estados Unidos, mas ainda assim tem sentido impactos negativos.

“75% do que a gente exporta hoje vai para a Argentina, então em um primeiro momento não houve esse impacto direto. O que houve na realidade é que as empresas de outros pólos que possuíam muitos negócios com os Estados Unidos acabaram tendo que redirecionar os seus produtos para o mercado brasileiro ou para os mercados que o nosso pólo atende, a maior parte na América Latina. Então, essas empresas acabaram indo buscar esse mercado que a gente atende, o que causou uma maior concorrência em um mercado já bem desafiador”, sinalizou Rodrigo.

Ele citou que há um desaquecimento do setor em Minas, com um fluxo menor de pedidos desde o início da vigência do tarifaço. “Os Estados Unidos é um parceiro comercial muito importante no Brasil, é um parceiro comercial que investe muito no país. A gente vê com bons olhos essa aproximação. Ela é tardia, mas ao menos existe uma sinalização de diálogo que nem existia antes”, acrescentou.

Defesa comercial

A reportagem procurou a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), que não se posicionou sobre a abertura de diálogo entre Estados Unidos e Brasil. Já a Fiemg, por sua vez, defendeu que o governo brasileiro adote medidas de defesa comercial para proteger o mercado interno e a competitividade da indústria nacional. A entidade citou instrumentos previstos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), como investigações antidumping e aplicação de salvaguardas quando cabíveis.

“A Fiemg segue acompanhando atentamente os desdobramentos das conversas e reforça a necessidade de uma atuação firme do governo federal na defesa dos interesses do setor produtivo, buscando um acordo que contemple todos os segmentos industriais brasileiros ainda fora das exceções tarifárias vigentes”, finalizou.

Compartilhe esse artigo

Açogiga Indústrias Mecânicas

A AÇOGIGA é referência no setor metalmecânico, reconhecida por sua estrutura robusta e pela versatilidade de suas operações.
Últimas Notícias