O setor siderúrgico brasileiro enfrenta uma crise sem precedentes, marcada pelo aumento acelerado das importações de aço e pela queda na utilização das fábricas. O alerta foi feito por André B. Gerdau Johannpeter, presidente do conselho da Gerdau, uma das maiores produtoras de aço do mundo.
Segundo Johannpeter, as importações já representam quase 25% do consumo nacional, um salto expressivo em comparação aos 10% registrados há poucos anos. Grande parte desse volume vem da China, que utiliza subsídios estatais para oferecer preços extremamente baixos, prejudicando a indústria local.
Até julho de 2025, o Brasil importou 4,1 milhões de toneladas de aço, um aumento de 24,4% em relação ao mesmo período de 2024. Esse cenário fez com que as siderúrgicas nacionais operassem com apenas 65% da capacidade instalada, deixando 35% dos fornos parados — quase o dobro do limite considerado saudável para o setor.
“Este é o ano mais turbulento para o aço brasileiro em décadas. Se essas tendências continuarem, corremos o risco de desmobilização completa da nossa cadeia siderúrgica nacional”, afirmou Johannpeter em entrevista à Revista Oeste.
Impactos e riscos
Além da concorrência externa, o setor sofre com queda na demanda interna, provocada por juros altos e crescimento lento da economia, afetando a construção civil e a indústria de transformação.
Nos Estados Unidos, tarifas sobre o aço brasileiro reduziram as exportações, enquanto o país segue vulnerável a mudanças em acordos comerciais globais.
A crise ameaça centenas de milhares de empregos diretos e indiretos nas áreas de mineração, logística e produção. Caso a situação piore, grandes projetos de infraestrutura poderão enfrentar custos elevados e incertezas no fornecimento de materiais, afetando setores como o automotivo, eletrodomésticos e construção.
Ações urgentes
Lideranças do setor defendem medidas imediatas do governo, como:
Reforço das regras antidumping e fechamento de brechas tarifárias.
Incentivos à modernização e novos investimentos.
Acordos estratégicos para ampliar mercados de exportação.
Sem uma reação rápida, especialistas temem que a indústria siderúrgica brasileira, historicamente estratégica para o país, seja reduzida a um papel secundário, aumentando a dependência externa e comprometendo a economia nacional.