Internet via satélite de Elon Musk avança nas ferrovias brasileiras

Os trens da concessionária Rumo que percorrem o principal corredor ferroviário do país passaram a contar com uma camada extra de proteção na comunicação com a instalação de internet via satélites de baixa órbita.

Em teste desde o ano passado, o sistema foi adotado gradativamente a partir do início do ano na rota entre Rondonópolis (MT) e Santos, no litoral paulista, e chegou em setembro a 350 locomotivas da concessionária e a outros cerca de 50 veículos utilizados pela empresa.

Além desse corredor ferroviário, a malha central da Rumo, que engloba a região Centro-Oeste, também tem máquinas dotadas de conexão via Starlink, empresa do bilionário Elon Musk. O uso do sistema elevou a cobertura para mais de 97% da malha, segundo Marco Andriola, diretor de tecnologia da Rumo, que administra 14 mil quilômetros de trilhos.

As ferrovias brasileiras enfrentam o mesmo problema vivido pelo agronegócio. As máquinas agrícolas estão cada vez mais potentes, econômicas e precisas, mas para que funcionem com todo o pacote tecnológico que saem das fábricas é preciso que os agrônomos e técnicos agrícolas recebam informações em tempo real, o que não acontece na maior parte do Brasil justamente devido à falta de internet.

Isso atrasa a tomada de decisões, o que muitas vezes significa perda de dinheiro.

A Rumo seguiu caminho que, no campo, foi adotado pelas gigantes globais John Deere e CNH Industrial (Case e New Holland), que assinaram desde o ano passado acordos com a Starlink para levar conectividade via satélite aos agricultores.

Nas ferrovias, a Vale também já utiliza na Estrada de Ferro Carajás conexão via Starlink para que os passageiros consigam pagar seus pedidos no vagão-restaurante, por exemplo —foram transportados 423 mil pessoas no ano passado, recorde nos 40 anos da ferrovia.

Além disso, as ferrovias e a agricultura têm avançado com conexão 4G. Na Carajás, a Vale está investindo R$ 250 milhões para conectar 1.000 quilômetros entre o Maranhão e o Pará.

Ao instalar a sua segunda rede via satélite —a outra atua em órbita diferente—, a Rumo adota uma camada extra de recursos para auxiliar a operação ferroviária, de acordo com Andriola.

“A locomotiva é equipada com vários dispositivos, de localização, de condução semiautônoma. Cerca de 90% da viagem do trem de Mato Grosso até Santos é feita de forma semiautônoma. Todos os dispositivos que nós temos de locomotiva usam um núcleo, que é da Nokia, para comunicar com o meio externo. A partir do momento em que tenho novos meios, vou ligando nessa solução da Nokia, então eles são complementares. O dispositivo encontra qual está funcionando melhor. Nós temos rádio, 4G, a solução da Immarsat [satélite de alta órbita] e, agora, o Starlink [baixa órbita], quatro meios de comunicação na locomotiva.”

Segundo ele, a solução da Immarsat, adotada em 2018, encurtou o tempo para a tomada de decisões para até dois segundos —em alguns casos, levavam sete minutos.

Com ela, porém, a cobertura chegava a 90% das linhas férreas da Rumo, índice que subiu sete pontos percentuais. A diferença entre ambas é que a primeira opera em uma órbita terrestre mais alta, com resposta mais lenta, enquanto a rede de Elon Musk utiliza mais satélites e órbita mais baixa, o que acelera a resposta e potencializa a área de conexão, segundo Andriola.

“Parece pouco [7%], mas para nós faz muita diferença […] Quando a gente fala em tecnologia, a base de tudo é comunicação. Se a gente não estiver no mundo conectado, não conseguimos fazer nada e, na ferrovia, não é diferente. Temos hoje milhares de sensores [2.080] espalhados na ferrovia e também no trem, conectados em tempo real com o Centro de Controle Operacional [CCO], em Curitiba.”

O ganho com a conexão ocorreu, por exemplo, no trecho da Serra do Mar, no início da descida rumo ao porto de Santos, que, além de ser uma região de sinal difícil, é a que tem a maior concentração de trens no país. A operação via satélite, segundo ele, ainda reduz a possibilidade de vandalismo.

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