Japão e a Construção Civil: lições de cultura na Missão Osaka 2025

Imagem da notícia

É com grande entusiasmo e uma bagagem repleta de insights que retornei da Expo Osaka 2025. Participei da Missão Osaka, comitiva que reuniu mais de 200 empresários mineiros interessados em prospectar o futuro da construção e da indústria. Com o tema ‘Designing Future Society for Our Lives’, o evento serve como um palco global para nações e organizações apresentarem inovações e ideias para um futuro sustentável. Trata-se não apenas de uma oportunidade para os países mostrarem e venderem sua cultura, mas também de que são inovadores e estão atentos à sustentabilidade.

Na visita à Daiwa House, maior construtora do Japão, impressionou não apenas o respeito à história de seu fundador, Nobuo Shiba, mas a clareza de propósito com que a empresa projeta habitações para durar, no mínimo, 75 anos, todas preparadas para resistir a terremotos, tsunamis e demais eventos extremos. A durabilidade estrutural não é um diferencial, mas uma premissa. Tecnologias como fachadas verdes descontaminantes e vidros opacos que garantem privacidade, sem comprometer a iluminação, demonstram como a inovação está atrelada à solução prática de problemas cotidianos.

Essa abordagem nos leva a uma reflexão necessária: no Japão, os desafios são enfrentados de forma direta, com soluções inteligentes e adaptativas. Além disso, somos levados a refletir que a solução para um problema está em seu enfrentamento. Em contraste, nosso marco urbanístico, como o Plano Diretor de Belo Horizonte, impõe recuos mínimos que, muitas vezes, inviabilizam o adensamento inteligente e a inovação arquitetônica em áreas urbanas consolidadas. Lá, casas com afastamentos de apenas 60 centímetros funcionam plenamente, comprovando que limitações bem geridas podem estimular avanços construtivos.

Outro exemplo marcante veio do Instituto Quantum of Science, que apresentou um laser de alta precisão com potencial para revolucionar a inspeção de túneis centenários, substituindo métodos manuais por diagnósticos digitais, mais rápidos e eficazes. O mesmo equipamento vem sendo estudado para aplicações médicas, como medição não invasiva de glicemia e terapias contra o câncer, revelando um ecossistema de pesquisa que conecta engenharia, saúde e sustentabilidade.

Nas metrópoles de Osaka, hoje com 18 milhões de habitantes, e Tóquio, que já contabiliza 38 milhões de pessoas, o urbanismo funcional resulta na ausência de congestionamentos. Túneis subterrâneos com vários andares, assim como passarelas aéreas, conectam edifícios, estações e centros comerciais. Esses espaços não são apenas rotas de passagem, mas também ambientes de consumo, lazer e convívio, gerando emprego, renda e segurança.

A arquitetura de fachadas ativas, com prédios comerciais que distribuem lojas em múltiplos andares acessíveis por escadas rolantes e elevadores, é outro aprendizado relevante. Esse modelo maximiza o uso do solo, estimula o comércio local e reforça a vitalidade urbana, contrastando com a subutilização de térreos em muitas cidades brasileiras, limitada por legislações restritivas.

Por fim, a cidade planejada de Keihanna evidencia o poder da governança colaborativa. Resultado da união entre três municípios, o projeto reúne terreno, tecnologia e recursos compartilhados para formar um pólo de inovação. Com 20% da população formada por cientistas e pesquisadores, Keihanna comprova que o planejamento territorial integrado é um caminho viável para o desenvolvimento urbano inteligente. A convivência entre templos milenares e arranha-céus modernos simboliza um equilíbrio que o Brasil precisa perseguir: honrar a tradição sem impedir o avanço.

As lições de Osaka são muitas e não se restringem à tecnologia. Elas desafiam a forma como projetamos, ocupamos e pensamos nossas cidades. A construção civil brasileira tem muito a aprender com essa combinação de resiliência, inovação e funcionalidade.

Compartilhe esse artigo

Açogiga Indústrias Mecânicas

A AÇOGIGA é referência no setor metalmecânico, reconhecida por sua estrutura robusta e pela versatilidade de suas operações.
Últimas Notícias