A Jefferies acusou publicamente a empresa de autopeças First Brands Group de fraudar um de seus fundos, uma escalada acentuada em uma história que agitou os mercados de crédito e deixou os investidores lutando por respostas.
A reclamação veio quando a Jefferies divulgou que um fundo da Leucadia Asset Management, Point Bonita, detém cerca de US$ 715 milhões em recebíveis vinculados à First Brands, que recentemente entrou com pedido de falência.
Os principais executivos da Jefferies dizem que foram pegos de surpresa pela suposta má conduta e agora estão trabalhando para conter as perdas e tranquilizar os clientes.
A disputa se ampliou para processos judiciais de falências e gerou pedidos de investigações independentes.
O que Jefferies está alegando
Em um evento para investidores, o CEO da Jefferies, Rich Handler, disse que a empresa acredita que “foi fraudada” pela First Brands, argumentando que o grupo de autopeças deturpou a qualidade e a capacidade de cobrança dos recebíveis vendidos em Point Bonita.
A Jefferies diz que só soube das reivindicações quando a First Brands parou de remeter pagamentos ao fundo em setembro passado, provocando alarme sobre se faturas e pagamentos estavam sendo mal administrados.
A empresa tentou traçar uma linha clara entre as perdas dentro do fundo e seu negócio de banco de investimento mais amplo, enfatizando que a exposição é concentrada e, em sua opinião, administrável.
A Jefferies também publicou cartas da alta administração explicando o cronograma e afirmando que ninguém dentro do banco estava ciente da atividade fraudulenta antes que os pagamentos parassem.
Ao mesmo tempo, credores e observadores do mercado estão pressionando por transparência sobre como os recebíveis foram verificados e se quaisquer taxas ou conflitos foram devidamente divulgados.
Esse escrutínio ajudou a impulsionar ações judiciais e investigações de investidores à medida que os fatos continuam a surgir.
Por que é importante: contágio, quadras e confiança
O colapso da First Brands é importante porque expõe dois riscos relacionados: fraude potencial em um grande tomador de empréstimos corporativos e a vulnerabilidade de fundos e bancos que compram recebíveis comerciais e outros créditos privados.
Os pedidos de falência da First Brands mostram passivos na faixa de vários bilhões de dólares, e as autoridades de falências dos EUA pediram ao tribunal que nomeie um examinador independente para investigar possíveis irregularidades, dizendo que há sinais de “fraude, desonestidade ou comportamento criminoso”.
Esses desenvolvimentos enervam os investidores e contribuíram para uma preocupação mais ampla com “empréstimos ruins” em bancos menores e credores não bancários.
A reação do mercado foi rápida: as ações da Jefferies e outras ações do setor financeiro caíram à medida que os traders precificaram maiores perdas e riscos legais, e pelo menos um escritório de advocacia anunciou uma investigação de fraude de valores mobiliários na Jefferies em nome dos acionistas.
Além das perdas imediatas, o episódio levanta questões políticas e do setor, desde como a devida diligência é realizada em pools de recebíveis opacos até se os reguladores e tribunais devem exigir investigações mais rápidas e profundas quando os credores suspeitam de má conduta.
Por enquanto, a Jefferies diz que as perdas potenciais são “prontamente absorvíveis” e está cooperando com os procedimentos, enquanto a First Brands negou irregularidades e sinalizou que contestará as alegações.
A situação ainda está se desenrolando: investidores, credores e o tribunal de falências observarão se um examinador independente descobre problemas sistêmicos e se isso, por sua vez, remodela a forma como o crédito privado é subscrito no futuro.