Jornada de Inovação: 3 mudanças que podem aumentar a competitividade da Região Sul

Quais são os desafios enfrentados pelas empresas para se tornarem mais inovadoras na região Sul do país? Um dos objetivos da Jornada Nacional de Inovação, projeto liderado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), é mapear desafios e iniciativas em transição ecológica, transformação digital, com um olhar atento à realidade das Micro e Pequenas Empresas (MPEs).

Nesta quinta-feira (2), após meses percorrendo 11 cidades do Sul do país, por onde a caravana percorreu todos os estados brasileiros, especialistas, empresários e autoridades do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina se reuniram na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis, para fazer um balanço de encerramento da passagem do projeto pela região.

“Quando você olha empresas como essas, vemos assuntos como infraestrutura e desenvolvimento de pessoas, ambientações de negócios e desenvolvimento científico e tecnológico. Para cada tema desses, surgiram proposições de trabalho para tentar definir as ações do momento”, disse o diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI, Jefferson Gomes.

Para consolidar o balanço, foram levados em consideração os depoimentos de empreendedores que participaram de todos os encontros até aqui, nos quais eles mencionaram dificuldades e pontos fortes que a indústria catarinense tem para inovar. Dentre os eixos de transição ecológica e digital e MPEs foram elencados dez temas de relevância e, com base nisso, houve uma observação de quantas vezes cada item se destacou percentualmente.

Para três grandes pontos de desafios – incentivo a ações sustentáveis, colaboração entre universidade, indústria e governo; e fortalecimento de gestão e políticas públicas – há alguns consensos sobre como superá-los, no sentido de alavancar incentivos e aprimorar políticas de inovação.

Incentivar ações sustentáveis e de economia circular (19%) – elaboração de benefícios fiscais e diretos, como a redução do IPI para produtos reciclados, transformação de resíduos em produtos de alto valor agregado, regular o mercado de carbono e fomentar cadeias de valor sustentáveis.

Fomentar a colaboração entre academia, indústria e governo (17%) – fortalecimento do diálogo,incentivo do uso do Marco Legal da Inovação, incentivo dos arranjos em cadeias produtivas, atualização dos planos estratégicos nacionais, como o PNCT&I e fortalecer Conselhos Municipais de Inovação.

Fortalecer a gestão pública e as políticas de Estado (12%) – incentivar a modernização e maior digitalização da administração pública em todos os níveis e todas as recomendações do item anterior.

Durante o encontro, o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Gilberto Seleme, reiterou a segunda recomendação. Ele afirmou que a inovação é muito importante para a indústria, mas a indústria não pode inovar sozinha.

“Temos ecossistemas robustos, diversificados e conectados que reforçam o papel estratégico da Região Sul como um polo avançado da economia e do conhecimento. Isso é fruto de um ecossistema que trabalha em rede. A indústria, no entanto, não inova sozinha, ela precisa da parceria com universidades, institutos de ciências e tecnologias, startups e fontes de fomento”, disse.

O diretor superintendente do Sebrae de Santa Catarina, Carlos Henrique da Fonseca, reiterou as políticas públicas de incentivo como um dos maiores gargalos para inovar da indústria catarinense. Segundo ele, as existentes, como a Lei do Bem, ainda são muito complexas aos empreendedores.

“As leis de incentivo como a Lei do Bem e a Lei da Informática ainda são muito burocráticas e quando tentam acessar, ainda se assustam bastante. Precisam ser simplificadas e cada vez mais disponibilizar incentivar as grandes empresas a fomentarem as startups e empresas de base tecnológica através de incentivos fiscais”, pontuou Fonseca.

Principal instrumento de estímulo em PD&I do país, a Lei do Bem prevê incentivos fiscais às empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento. Empresas no regime de lucro real deduzem parte dos dispêndios com PD&I do cálculo dos impostos de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), além de usufruir de reduções no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e benefícios como depreciação imediata de equipamentos e amortização de bens intangíveis.

Caravana ajudou a levantar novos conteúdos

Um dos responsáveis pela consolidação do levantamento, o especialista em Políticas e Indústria da CNI, Rafael Grilli, explica que a passagem pelo Sul resultou em mais de 40 horas de conteúdo registrado. Dali a equipe técnica do projeto começou a mapear as oportunidades e desafios para que a região possa avançar na transição ecológica e digital, que foram discutidos no encontro em Florianópolis.

“No encontro regional, discutirmos os resultados desse processo de escuta com a indústria dos três estados do Sul. Com as recomendações, acontecerá o aprimoramento das políticas públicas, inclusive com alinhamentos com instituições estratégicas do ecossistema de fomento, como BNDES, Embrapii, FINEP e Sebrae, reforçando o esforço de coordenação da CNI e do Sebrae Nacional. O objetivo final é garantir que o posicionamento empresarial para a defesa da estratégia de inovação e tecnologia para a transição ecológica e digital do país seja robusto, capaz de tornar o Brasil território mais amigável à inovação”, disse.

Veja os dez pontos de destaque, por eixo:

Transição ecológica

No eixo de transição ecológica, os pontos de atenção estão, principalmente em transição energética (19%), inovação em biomateriais (16%), sustentabilidade na cadeia de valor (13%), economia circular (13%), descarbonização (11%), mobilidade sustentável (7%), liderança em energia renovável (6%), ESG (6%), eficiência energética (6%) e agricultura regenerativa (6%).

Transição digital

Em transição digital, dados e cultura (24%) ocupam o primeiro lugar, seguidos por IA (24%), transformação digital (16%), infraestrutura (9%), automação industrial e softwares de gestão (8%), semicondutores (6%), big data (5%), analytics (3%) e data centers (3%).

Micro e Pequenas empresas (MPEs)

Para as MPEs, o maior ponto é apostar em bioeconomia, valorização de resíduos e deep techs (24%), seguido por incentivar a digitalização e IA em MPEs (17%), conexão entre academia e MPEs (10%), superar o custo brasil (9%), inclusão das MPEs em ecossistemas de inovação (9%), vencer barreiras culturais (8%), simplificar acesso ao fomento e financiamento (8%), divulgar linhas de financiamento para as MPEs (6%), resolver escassez de talentos (6%) e reduzir custo da adoção de tecnologias (6%).

Sobre a passagem da Jornada de Inovação da Indústria na Região Sul

A Jornada de Inovação da Indústria é um evento itinerante do movimento Juntos pela Industria, que reúne a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). De julho de 2025 a março de 2026, a caravana passará nos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal para mapear os principais desafios que indústrias, deep techs e startups enfrentam para inovar. Ao fim, os resultados serão apresentados e debatidos no Congresso Nacional de Inovação de 2026.

No Sul, ela percorreu São Leopoldo, Porto Alegre, Chapecó, Joinville, Criciúma, Caxias do Sul, Curitiba, Londrina, Passo Fundo, Cascavel e Foz do Iguaçu. Foram mais de 1 mil participantes das programações, cerca de 49 especialistas convidados, mais de 500 lideranças da indústria, aproximadamente 420 acadêmicos e mais de 700 indústrias participantes.

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