As pesquisas do IBGE que mostram o ritmo da economia catarinense estamparam no mês de agosto mais impactos dos juros altos da taxa Selic em 15% para conter a inflação e estragos do tarifaço dos Estados Unidos. A indústria sentiu mais, mas os efeitos podem ser notados também no comércio e serviços.
A produção industrial de SC teve queda de -1,8% em agosto frente ao mês anterior, na série com ajustes sazonais, e recuou -2,2% frente ao mesmo período do ano passado. Com essa retração, o crescimento da indústria catarinense no acumulado do ano ficou em 3,3% e, em 12 meses teve alta de 5%.
As maiores quedas frente a agosto do ano passado em função do tarifaço foram nos setores de madeira -22,8%, e móveis -13. Os minerais não metálicos recuaram -6,8%, com efeitos dos juros no mercado interno e do tarifaço nos EUA. Outros setores tiveram desempenho negativo devido aos juros altos como fabricação de veículos, reboques e carrocerias -16,9%; confecções, vestuário e acessórios -8,2%, e produtos químicos -6,3%.
Os grupos que mais cresceram foram produtos metalúrgicos 16,8%, máquinas e equipamentos 7,9%, papel e celulose 4,8%, máquinas, aparelhos e materiais elétricos 3,8% e a indústria de alimentos, 0,8%.
O varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, sentiu mais os juros altos em agosto. O resultado do mês frente ao anterior, com ajuste sazonal, foi queda de -1,3% e na comparação com o mesmo mês de 2024 recuou -2,4%. No acumulado do ano cresceu 2,9% e em 12 meses, 4%.
As maiores quedas em agosto ante mesmo mês de 2024 foram no atacado de alimentos e bebidas, de -15,5%, móveis e eletrodomésticos -14,9%, veículos e peças -8,3%, materiais de construção -4,1% e artigos farmacêuticos -1,3%.
Quem mais cresceu no varejo em agosto em relação ao mesmo mês de 2024 foram hipermercados e supermercados, 5,9%, combustíveis e lubrificantes 3,8% e equipamentos de escritório 5,4%. Tanto os setores que tiveram queda, quanto os que cresceram em ritmo menor estão sendo impactados pelos juros altos, que mostram efeito maior na economia.
O setor de serviços foi o que menos sentiu os efeitos de juros e tarifaço, mas também foi impactado em agosto. Cresceu 1,3% frente ao mês anterior e 3,5% na comparação com igual mês de 2024. No acumulado do ano cresceu 4,2% e em 12 meses teve alta de 5,4%.
O crescimento do setor em agosto frente ao mesmo mês do ano passado foi positivo no grupo de serviços profissionais, administrativos e complementares com 21,1% e seguido por informação e comunicação 3,5%. Outros serviços recuaram -9,8%, serviços às famílias caíram -1,0% e transporte -0,5%.
Esse recuo de transporte tem efeitos de juros e tarifaço enquanto a queda no grupo de outros serviços está mais ligada à redução de atividades no mercado interno devido aos juros altos. As próximas pesquisas mensais do IBGE seguirão mostrando esses dois efeitos na economia de Santa Catarina, dos juros e do tarifaço.