Maior parte dos profissionais relatam piora na qualidade de suas relações

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Uma pesquisa realizada pelo Talenses Group, em parceria com os professores Maria José Tonelli e Daniel Andrade, ambos da FGV-EAESP, apontou que 88% dos profissionais perceberam uma piora na qualidade das relações humanas nos últimos anos. O estudo, que ouviu 450 indivíduos, procurou analisar a saúde social dentro das organizações.

“Enquanto a saúde física se refere ao bem-estar do corpo, e a saúde mental ao equilíbrio da mente, a saúde social está relacionada à qualidade dos nossos relacionamentos e à sensação de pertencimento a uma comunidade”, explica Tonelli. “É importante lembrar que estes três componentes da saúde (físico, mental e social) estão interligados e não podem ser vistos isoladamente. Saúde social importa tanto quanto saúde física e mental”.

O levantamento também revelou que 92% dos respondentes associam vínculos frágeis ao agravamento da saúde mental e que 87% acreditam que a fragilidade das conexões sociais pode reduzir a longevidade. “Ignorar esse cenário significa conviver com perdas em saúde, produtividade e coesão social. Por outro lado, investir em conexões sólidas pode se tornar um diferencial competitivo”, comenta a professora.

Na visão de Luiz Valente, CEO do Talenses Group, a piora percebida nas relações humanas tem raízes combinadas, sendo elas o contexto social mais polarizado, mudanças na organização da vida afetiva e a adoção de modelos de trabalho remoto e híbrido sem desenho intencional de conexão. “Tudo isso potencializado pela pandemia e pelo uso cada vez maior de redes sociais e de conexão por meio das telas”, acrescenta. “Dentro das empresas, três fatores organizacionais pesam mais: o modelo de gestão, políticas que estimulam a concorrência interna e a ausência de práticas estruturadas de inclusão e diversidade”.

Segundo o especialista, um ambiente com vínculos fortes é aquele em que a qualidade da comunicação, o pertencimento e a segurança psicológica são perceptíveis no dia a dia. “[Nesses lugares] existem estruturas que favorecem colaboração e escuta, conflitos são tratados de forma construtiva, há redes de apoio entre colegas e lideranças, e as políticas reconhecem a dimensão humana do trabalho”, pontua.

Apesar da gravidade do problema, apenas 50% dos entrevistados veem suas lideranças atuando de fato para fortalecer os laços dentro das empresas. Valente enumera três fatores que levam a esse cenário: “o primeiro é a ausência de disponibilidade social da própria liderança. Segundo, ainda falta formação da liderança em escuta ativa, comunicação aberta e manejo de conflitos. Terceiro, há uma subestimação dos rituais simples do dia a dia. Almoços e happy hours, isoladamente, não sustentam vínculos, mas quando há intencionalidade nessa arquitetura de experiências, podem sim ter muito valor”, afirma.

A pesquisa ainda identificou que os grupos mais vulneráveis ao agravamento da saúde social são as mulheres (58%) e profissionais da Geração Z (75%). Além disso, 50% dos respondentes dizem que seu círculo de amizades diminuiu após a pandemia e 59% acreditam que divergências políticas afetaram negativamente suas relações pessoais.

Tonelli diz que é fundamental preparar as lideranças para perceber, mapear e agir diante de desafios sociais que surgem cada vez mais no ambiente de trabalho. “A observação ativa e intervenções estratégicas podem fazer diferença no fortalecimento das conexões humanas dentro nas organizações”, destaca. “Relações fragilizadas comprometem não apenas a vida das pessoas, mas também a sustentabilidade dos negócios”, complementa Valente.

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