Uma pesquisa realizada pela plataforma Think Work com cerca de 300 pessoas apontou que 39% dos respondentes consideram o tempo de descanso escasso ou quase inexistente. Acessar redes sociais (74%), responder mensagens de trabalho fora do expediente (56%) e fazer apostas on-line (16%), são as atividades mais comuns durante o período de lazer.
Entre os que costumam acessar redes sociais, 32% afirmam que reproduzem o hábito automaticamente, sem perceber; e 20% sentem um prazer momentâneo e acabam repetindo. Para 33% dos respondentes, as redes sociais tomam mais tempo do que o desejado.
Na opinião de Tatiana Sendin, CEO da Think Work, boa parte desse comportamento é resultado do design das próprias plataformas. “Jogos e redes sociais são desenvolvidos para capturar e manter a atenção das pessoas, estimulando o retorno frequente. As redes sociais usam o recurso de ‘rolagem infinita’, com recomendações personalizadas, que acabam prendendo as pessoas”, comenta. “O usuário abre o aplicativo e, nesse momento, é capturado pelo fluxo de conteúdos, se desconcentra do objetivo inicial e pode perder horas ali”.
“Mesmo que desligue as notificações, a pessoa é capturada no momento em que entra na rede. Com o tempo, o hábito de abrir o app se torna automático, a ponto de o usuário nem perceber que fez isso. O mesmo vale para o costume de checar e-mails ou mensagens de trabalho fora do expediente”, observa.
A pesquisa também indicou que quase 75% dos participantes admitem praticar algum passatempo durante o horário de trabalho e, mesmo quando o passatempo não é feito durante o expediente, 62% relataram impacto na concentração, 35% disseram que perderam compromissos e 77% perceberam algum prejuízo no desempenho profissional.
A importância do lazer
Mais de 70% das pessoas que se sentem felizes no trabalho afirmam ter tempo suficiente para o lazer. Entre quem nunca se sente feliz, só 20% têm esse tempo. Quem acredita ter horas vagas suficientes relata menos dias de baixa produtividade e faltas no trimestre. Já quem vive sem esse tempo acumula até 20 dias de queda de performance e mais de 10 de ausência.
Sendin destaca que os hobbies, em si, são benéficos, pois ajudam na saúde mental e melhoram o desempenho. “A pesquisa mostra que pessoas que praticam diferentes atividades de lazer ao longo da semana relatam sentir-se emocionalmente bem por mais tempo”, afirma.
“O problema surge quando o passatempo é exclusivamente em tela”, pontua. “Quem se sente mal com frequência tende a usar mais redes sociais, acessar e-mails ou mensagens fora do expediente, assistir TV ou jogar mais que os demais. Muitas vezes, a pessoa sente cansaço, mas não percebe a causa e atribui tudo ao trabalho”.
“É uma equação complexa: a cultura corporativa, quando rígida e sem pausas reais, estimula a busca por escapes. E esses, quando compulsivos, aumentam a fadiga e a distração”, alerta.