A K.Lume traça cenário pouco animador para as montadoras de veículos no Brasil em 2026. A consultoria especializada projetavendas internas menores ainda do que as deste ano, cuja estimativa também foi revisada para baixo.
O mercado interno alcançou no acumulado dos primeiros nove meses de 202 pouco mais de 1,8 milhão de licenciamentos entre automóveis e passeio e comerciais leves. Trata-se de volume 3,2% maior do que em igual período do ano passado.
Entretanto, esse índice de crescimento, calcula Mila Kalume Neto, sócio-diretor da consultoria, será ainda menor após o encerramento de dezembro.
A estimativa é de que as vendas ao longo dos doze meses de 2025 fiquem no patamar de 2,55 milhões de unidades, avanço de somente 2,5% em relação a 2024, com os negócios de automóveis aumentando 4%, enquanto os de comerciais leves recuam 2% .
O desempenho no ano que vem será ainda mais fraco, segundo o consultor. A retração, estima, poder ser da ordem de 6% sobre os licenciamentos deste ano, o que resultaria em 2,4 milhões de veículos negociados apenas.
Ele elenca três aspectos que influenciarão de forma acentuada esse desempenho e que já limitaram os resultados de 2025: valor do veículo, taxa de juros e crédito ao consumidor.
“Os preços estarão elevados, os juros altos e a liberação de crédito pelas instituições financeiras restritas – em melhores condições em relação a 2025, mas ainda muito aquém dos melhores tempos”, pondera.
A expectativa é que os preços de lista da maioria dos veículos sigam a inflação e os descontos ocorram em relação ao aumento de incentivos. Já os juros altos vão impactar diretamente no investimento disponível ao empresário, bem como para as instituições financeiras que cedem empréstimos ao cliente final.
“O câmbio volátil também tende a causar aumento dos preços de importação dos produtos, prejudicando o valor final de venda e impondo a diminuição das margens”, acrescenta Kalume, que destaca ainda a provável influência de um ano eleitoral, o que gera insegurança sobre o quadro político-econômico, e até da Copa do Mundo de futebol.
“Em épocas de eleições presidenciais, o dólar fica historicamente instável. Não será diferente em 2026 e a eventualidade da manutenção do dólar em patamares elevados impactará diretamente no aumento dos preços dos veículos”, cujo tíquete média já está em R$ 152 mil.