Motos viram o ponto frágil na descarbonização

As motos se tornaram o ponto vulnerável quando se pensa em descarbonização. É o que diz a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Isso ocorre pela oferta da tecnologia flex, ainda restrita a modelos de maior volume de vendas das montadoras mais antigas. Dados do setor indicam que as motos flex representam 64% das vendas, contra 75% no caso dos automóveis e comerciais leves.

Outro motivo são os níveis de emissões quando comparados aos automóveis. “Quando analisamos alguns poluentes das motos, elas se equiparam com os veículos leves, apesar de a frota circulante de duas rodas ser menor”, afirmou Carlos Lacava, gerente do departamento de fontes móveis de poluição da Cetesb.

O executivo participou na quarta-feira, 17, do Automotive Business Experience – #ABX2025 e foi um dos debatedores do painel “As vendas de motos explodiram, como fica agora a descarbonização?”.

Moto é o ponto crítico na descarbonização de SP

Segundo dados da companhia, na região metropolitana de São Paulo, a emissão de material particulado por carros e motos se equivale. Na emissão de compostos orgânicos voláteis pelo escapamento, os carros representam 56% do total e as motos, por 25%.

“Vale dizer que a frota de motos no Estado é de 2,9 milhões de unidades, contra 9,8 milhões de carros”, diz Lacava. “Elas se tornaram nosso principal calcanhar-de-aquiles.”

De janeiro a agosto, as vendas de motos no Brasil superaram 1,4 milhão de unidades emplacadas. O setor caminha para mais de 2 milhões de unidades em um único ano, algo inédito no país.

O que as empresas que usam motos estão fazendo para a descarbonização?

A mediadora Eliana Malizia, CEO da Acelerada LifeStyle, perguntou a outros participantes do painel sobre como suas empresas vêm trabalhando para reduzir as emissões.

Arthur Zago, head de mobilidade da iFood, diz que ainda não há uma “bala de prata”, uma solução única. “A transição [dos combustíveis para a eletricidade] será econômica, já que os veículos elétricos ainda são mais caros e a tecnologia disponível é limitada pela baixa autonomia”, recorda.

“Tivemos um projeto com a Vammo [que aluga scooters elétricas], mas ainda não há escala nacional quando se pensa na oferta de pontos de troca de bateria. Temos 400 mil entregadores no país. São usuários que rodam seis vezes na semana, em uma média de 150 quilômetros por dia.”

Ele informa que muitos deles utilizam motos mais antigas e, por isso, uma solução viável de descarbonização é propiciar o uso de motocicletas novas.

Isso motivou o iFood a fechar uma parceria com a Mottu, que garante descontos para novos entregadores nas duas plataformas, bônus pelo atingimento de metas, IPVA incluso e suporte em caso de roubo da moto.

As vantagens se somam ao baixo consumo da Mottu 110 Sport, até 60 quilômetros por litro de gasolina, segundo a empresa.

Marcas pensam em eletrificação e motos mais sustentáveis

A Yamaha, vice-líder de mercado, já deu seus primeiros passos para a eletrificação no Brasil. Foi o que disse o gerente de relações institucionais da empresa, Rafael Lourenço.

“Iniciamos a venda da nossa primeira moto elétrica no País, a Neo’s Connected, e o primeiro modelo híbrido leve do país, a scooter Fluo, cuja tecnologia resulta em 10% a 12% de economia de combustível.”

Renato Ferri, gerente de marketing da Royal Enfield do Brasil, enfatizou a estreia de um novo modelo mais sustentável.

“Vamos apresentar no Salão de Milão nossa nova Flying Flea, uma moto elétrica urbana que traz o nome de um modelo compacto produzido pela empresa durante a Segunda Guerra Mundial. Não se trata apenas de um modelo elétrico, ele envolve toda uma área dentro da companhia”, conclui.

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