O desmantelamento das ferrovias do Rio Grande do Sul fez o Ministério Público Federal (MPF) expedir um ofício de “recomendação” à concessionária Rumo e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que seja suspensa imediatamente a retirada de trilhos, máquinas e outras partes da malha gaúcha. Os pedaços estão sendo enviados a outros Estados, principalmente Santa Catarina. Também foi solicitado que apresentem um relatório sobre o que já foi levado, com laudos que justifiquem o envio. Foi dado um prazo de 10 dias para que sejam informadas as providências tomadas. Caso contrário, o MPFajuizará uma ação.
— É inoportuno ficar arrancando os melhores trilhos do Rio Grande do Sul um ano antes do final do contrato, embora tenha autorização da agência reguladora. Poderíamos usá-los no futuro. Ou seja, é um processo a mais de canibalização da rede, indicando descaso, descuido e abrindo portas para que aumentem furtos e ocupações irregulares — argumenta o procurador da República Osmar Veronese, que acompanha o problema das ferrovias gaúchas há mais de duas décadas.
Quanto à proposta de R$ 2,5 bilhões apresentada pela Rumo para renovar a concessão, Veronese a considera insuficiente.
— Em um Estado que já teve bem mais de 3 mil quilômetros de ferrovia, seria recuperar pouco mais de 800 quilômetros. E tem todo um passivo que custa para a sociedade com 30 anos de abandono da ferrovia. É o único modal que não retomou pós-enchente, com gestão e prestação de serviço de interesse público inadequadas — complementou. — Toda a Malha Sul está um caco.
As ferrovias estavam sucateadas e foram muito danificadas pela enchente. A Rumo não vinha investindo e também não as consertou após a tragédia. Resta funcionando apenas o trecho entre Cruz Alta e Rio Grande.