O nanossatélite que está sendo desenvolvido pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados entrou em uma etapa decisiva. Até o dia 17 de outubro, o Catarina-A2 será submetido a uma série de avaliações de aceitação no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Com a missão principal de coletar e enviar dados para órgãos meteorológicos, o Catarina-A2 nasceu após a passagem do ciclone-bomba na região Sul do Brasil, em junho de 2020. Na ocasião, instituições nacionais e de Santa Catarina passaram a discutir soluções espaciais para monitorar eventos meteorológicos extremos, o que culminou na criação do Programa Constelação Catarina.
Encabeçado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), o projeto recebeu aporte de R$ 5 milhões provenientes de emendas parlamentares de Santa Catarina. O nanossatélite Catarina-A2 integra esse programa. Além da AEB e do Instituto SENAI, participam da iniciativa a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Defesa Civil.
Pronto para o lançamento?
Agora na fase de testes, o Catrina-A2 passará por ensaios que têm como objetivo validar se ele está pronto para a próxima fase de revisão e, posteriormente, para o lançamento. “Os testes de aceitação são uma etapa fundamental para garantir que o satélite esteja pronto para enfrentar as condições extremas do lançamento e da órbita. Cada ensaio é projetado para simular a realidade do espaço e validar a robustez do Catarina-A2”, explica Paulo Violada, pesquisador-chefe do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados.
Entre os principais testes estão o fit-check, que verifica se as dimensões e interfaces do satélite seguem as normas estabelecidas; vibração, que simula as condições mecânicas durante o lançamento, garantindo que o equipamento suporte os estresses a que será submetido dentro do veículo lançador; e termovácuo, que reproduz as condições do espaço, alternando temperaturas de -20°C a 50°C em ambiente de alto vácuo, simulando o ciclo térmico que o satélite enfrentará em órbita.
Após a conclusão desta fase, o projeto passará pela Acceptance Review (AR), processo de avaliação conduzido por uma banca externa. Se aprovado, o Catarina-A2 estará apto para seguir ao lançamento e operação em órbita.
Muito além da meteorologia
Embora tenha sido concebido no contexto de uma emergência climática e pensado para ajudar a monitorar esses eventos, as funções do Catrina-A2 vão muito além disso.
O pequeno satélite, com dimensões similares a uma caixa de sapato, permanece em órbita a cerca de 500 quilômetros do solo terrestre e é capaz de atender às áreas de agricultura de precisão, clima, monitoramento de tempestades, meio ambiente, saúde, indústria 4.0, energia, mídia, educação, aviação e cidades inteligentes.
Do VCUB1 ao Catarina-A2: trajetória de inovação aplicada ao espaço
O Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, em Florianópolis, já participou de projetos espaciais relevantes, como o desenvolvimento do primeiro nanossatélite da indústria brasileira (VCUB1), liderado pela Visiona Espacial e lançado em órbita nos EUA em abril de 2023.
“Estamos diante de um setor que vai movimentar cadeias produtivas inteiras nas próximas décadas. A atuação do SENAI no New Space não só projeta a inovação catarinense, mas também gera competências que fortalecem a competitividade da nossa indústria”, afirma o diretor-regional do SENAI, Fabrízio Pereira.
Mais recentemente, em parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), o SENAI/SC avançou na criação de um cluster de inovação New Space em Santa Catarina, iniciativa estratégica que busca consolidar um ecossistema tecnológico voltado a foguetes, nanossatélites, rovers e IoT aplicada ao setor espacial.