
Com a notícia que publicamos em primeira mão de que a Leapmotor vai produzir carros no polo automotivo da Stellantis em Pernambuco, o Nordeste começa a despontar como a nova região industrial para a produção de carros eletrificados no Brasil.
Primeiro passo foi dado pela BYD, ao assumir a unidade da Ford em Camaçari, na Bahia. Um investimento de R$ 5,5 bilhões para uma fábrica situada em uma área de 4,6 milhões de metros quadrados. A capacidade inicial é de 150 mil carros produzidos por ano, podendo chegar até 300 mil.
A fábrica foi inaugurada na semana passada ainda em regime SKD, no qual os modelos Dolphin Mini, Song Pro e King chegam parcialmente montados da China e são finalizados na planta baiana. Mas, a partir de 2026, o processo de fabricação começa a ser nacionalizado. Outra boa notícia é que a BYD produzirá por aqui o primeiro motor híbrido plug-in flex do mundo.
A GM, que também se uniu a uma montadora chinesa para trazer carros elétricos, anunciou que irá montar no Ceará, na antiga fábrica da Troller na cidade de Horizonte, o Spark EUV em regime de SKD. O novo Captiva EV também será montado na fábrica cearence.
O projeto integra um pacote de investimentos de R$ 7 bilhões da GM, que também prevê a nacionalização de outros modelos elétricos e modernização de fábricas já existentes.
A chegada da GM impulsionou o Polo Automotivo do Ceará (PACE). Somente na primeira fase, o local contará com R$ 400 milhões em investimentos. A planta terá capacidade de produção de 80 mil veículos por ano, com expectativa de gerar até 9 mil empregos de alta qualificação no Estado.
Além dos veículos elétricos, a fábrica de Horizonte terá foco na produção de híbridos e contará com incentivos fiscais do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), do Governo Federal.
A notícia mais recente de eletrificação no Nordeste veio da gigante Stellantis, que irá montar em sua fábrica em Goiana (PE) os modelos da Leapmotor, marca chinesa que pertence ao conglomerado ítalo-americano.
Os SUVs C10 e B11 irão inaugurar a fase eletrificada do polo pernambucano, que faz parte do plano de investimento no Brasil de R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030. E já no próximo ano teremos também os primeiros modelos da Jeep com a tecnologia híbrida-leve.
Duas rodas
Também precisamos falar do investimento da Shineray no Nordeste. O braço brasileiro da gigante chinesa fez recentemente um aporte de R$ 75 milhões para expansão de sua linha de montagem no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Cabo de Santo Agostinho (PE).
Além de ampliar sua produção em Pernambuco, a Shineray do Brasil quer terminar o ano de 2025 com 400 lojas inauguradas no país. Essa expansão acelerada também passa pela eletrificação. A empresa vem ampliando o seu portfólio de motos elétricas, que se tornaram referência quando o assunto é uma boa relação custo-benefício.
Impostos x investimentos
Geração de empregos, desenvolvimento tecnológico e toda uma cadeia de investimentos pesados. Os estados do Nordeste têm muito a ganhar com chegada dos eletrificados chineses.
Para fugir da tributação pesada sobre carros importados, que não isenta mais híbridos e elétricos, os grupos automotivos chineses – com ou sem parceria com montadoras tradicionais – precisaram correr para buscar plantas para montar seus carros. Foi aí que o Nordeste despontou. O que parecia ser o fim da linha da produção automotiva nos polos de Camaçari (BA) e Horizonte (CE) desde a saída da Ford, acabou se tornando um recomeço com alto investimento e com um futuro promissor.
Sustentabilidade e energia renovável não são novidades no Nordeste. Mais de 90% da energia eólica produzida no Brasil vêm dos ventos nordestinos. O turismo e agricultura sustentáveis também se destacam entre os nove estados da região. E agora, carros híbridos e elétricos saindo do Nordeste para todo país. Que não pare por aí.