
Depois de dar passo inicial para estreitar relações comerciais com o México, o governo federal mira outro mercado internacional para reagir à guerra tarifária imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Uma missão oficial desembarca nesta quarta-feira (10) em Toronto, duas semanas depois de Mercosul e Canadá retomarem negociações para acordo de livre-comércio, paralisadas desde 2021.
Não há previsão de que os ajustes finais ocorram durante a viagem: outro encontro está marcado para outubro com negociadores de Mercosul e Canadá, quando o acordo de livre-comércio tem potencial de avançar. Caso se confirme, pode ajudar em exportações e importações gaúchas de cerca de US$ 305 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
O valor do total de envios do Rio Grande do Sul para o Canadá soma US$ 55 milhões e o de produtos embarcados de lá para cá chega a US$ 250 milhões em 2024. Significa que o Estado tem saldo negativo, ou seja, compra mais do que vende ao mercado canadense.
Na lista de principais destinos das exportações gaúchas, o Canadá só aparece na posição de número 53. Ainda assim, é um mercado que recebe tabaco (US$ 10,7 milhões em 2024) e calçados (US$ 5,7 milhões) do Estado, setores que têm potencial de serem beneficiados por eventual acordo.
Conforme a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), também há oportunidades para artigos de confeitaria no mercado canadense, sexto segmento do Estado que mais exporta para lá, com US$ 3,2 milhões em vendas em 2024. Máquinas de energia elétrica, produtos taxados por Trump que perderam 67,6% em valor exportado do RS aos EUA no primeiro mês do tarifaço, também têm potencial de crescer em embarques ao Canadá, diz a agência.
Na via contrária, o Estado basicamente importa adubos e fertilizantes químicos do país norte-americano. Foram US$ 230,7 milhões em envios para cá no ano passado. Considerando a dependência russa nas compras brasileiras do produto, um eventual acordo pode ajudar no processo de diversificação de fornecedores.
Benefícios para o Canadá
Um tratado comercial viria num bom momento não só para o Brasil, mas também para o Canadá, que mantém considerável dependência da economia americana. O país envia para lá 63% de tudo que exporta. Apesar da forte relação, os produtos canadenses, assim como os brasileiros, foram taxados por Trump, mas em 25%, com exceções.
Ao contrário do RS, a balança comercial brasileira com o Canadá é positiva. Em 2024, foram US$ 6,3 bilhões em exportações e US$ 2,8 bilhões em importações, segundo o Mdic.