
A rota da economia brasileira continuará sendo a de crescimento em 2026, de acordo com análises da área econômica do Banco BV. Talvez menos acelerado do que este ano, com o PIB avançando 1,6%, abaixo dos 2,1% projetado para 2025, mas não há no horizonte das planilhas da equipe recessão no País, pelo menos até 2028.
O economista chefe Roberto Padovani disse que o clima é de otimismo, ainda que existam, segundo ele, algumas “perguntas sem resposta” que podem movimentar as estruturas da economia brasileira. Citou como exemplo a instabilidade de grandes economias globais, como China, Alemanha e sobretudo Estados Unidos, uma eventual bolha no mercado financeiro gerado pelo excesso de expectativa com a inteligência artificial e a questão fiscal brasileira, ainda mais em ano eleitoral.
“A dívida elevada do Brasil deixa o País em uma situação de vulnerabilidade a estas questões externas. São pontos de preocupação, não chega a ser uma crise, mas pela situação fiscal acende o alerta, porque pode criar pressão no câmbio que aumenta a inflação e acaba mexendo nos juros.”
Para Padovani o movimento do Banco Central de elevar a taxa Selic para 15% para frear a inflação surtiu efeito e a tendência é de recuo nos juros a partir de março, calcula. A próxima reunião do Copom, em janeiro, deverá indicar esta direção. O economista-chefe disse que a Selic está “muito alta” e projetou, para o fim de 2026, taxa básica na casa dos 12%.
“Não é sustentável manter a taxa neste patamar atual.”
O Banco BV projeta IPCA de 4,5% em 2025 e de 4,3% em 2026.
Mercado de veículos
O recuo na taxa de juros somado à redução do desemprego, que tem taxas mínimas históricas, é uma boa notícia para o mercado brasileiro de veículos. O Banco BV tem forte atuação e será, pelo décimo-terceiro ano consecutivo, líder na concessão de crédito para veículos usados.
Padovani disse que a expectativa é de novo crescimento no que eles consideram o mercado brasileiro de veículos, que soma leves e pesados novos e usados. Este ano deverá fechar na casa dos 21 milhões e a expectativa é de nova alta, na casa de um dígito, para 2026.
No caso da instituição financeira a carteira está controlada, segundo o diretor de negócios de varejo, Jamil Ganan. Ele ressaltou que o mercado de usados, que cresceu 17% até outubro de acordo com a Fenauto, teve o impulso sem a participação maciça das financeiras, que expandiram os financiamento em 2% a 3%:
“Os bancos reduziram seu apetite ao longo do ano. Mas nos últimos meses a tendência já se reverteu. No caso do Banco BV estamos com a carteira controlada, com a inadimplência que já atingiu seu pico. Esperamos crescimento em 2026, de um dígito”.